quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Desconstruindo o lobo





O Pedro, meu filho mais velho, foi um apaixonado por Os três porquinhos. Todos os dias ele pedia para contar a história dos três irmãos perseguidos pelo lobo mau. A repetição era tanta, que comprei mais de uma versão para a história e a usei como tema de sua festinha de três anos. O Pedro, como outras crianças apaixonadas por esta história, tinha um medo enorme do lobo. Afinal, era um lobo muito mau que, em algumas versões, infernizava a vida dos porquinhos e, no original, comia os dois mais novos sem piedade. Mais tarde, desapegado dos porquinhos, ele começou a gostar de histórias de outros lobos. O lobo e os sete cabritinhos também era um clássico aqui em casa, apesar da violência da narrativa que acaba com o lobo jogado no lago com um monte de pedras na barriga. Dá para imaginar o fim trágico do malvado lobo que come os filhos de dona Cabrita. Até que chegou uma hora em que foi necessário desmistificar este tal lobo mau. Há uma série de livros que fazem isso. Mas há dois que valem a pena ser citados. Chapeuzinho Amarelo, do nosso Chico Buarque, ilustrado com maestria por Ziraldo e editado pela José Oympio Editora, e O cuidado com o menino, uma história inglesa de Tony Blundel, traduzida por Ana Maria Machado e editada pela Salamandra. São leituras maravilhosas que mostram que o lobo não é tão poderoso assim. A história de Chico é maravilhosa e leva a criança a perceber que o medo do lobo é fruto de sua imaginação e que, afinal, ele pode não ser tão mal assim. A libertação de Chapeuzinho é contada em versos que, se lidos com vontade, transformam-se em um mantra contra o medo. Para fechar o ciclo dos lobos, vale O cuidado com o menino. É bom mesmo ter cuidado, afinal o menino é tão esperto que faz do lobo faminto gato e sapato. O fim do lobo que se preparava para jantar o menino é surpreendente.

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