quarta-feira, 9 de maio de 2012

Minha homenagem a Maurice Sendak

Acabo de ler no jornal que o escritor e ilustrador americano Maurice Sendak morreu ontem, aos 83 anos, em decorrência de um derrame sofrido há dias. Fiquei triste, mesmo sem nunca tê-lo visto. Conheço de Sendak apenas o livro Onde vivem os monstros, editado aqui no Brasil pela Cosac Naify. Sei que não basta, mas para mim foi o suficiente para entender sua importância na cena da literatura infantil. Max, o menino protagonista do livro ilustrado, ganha no traço e texto de Sendak uma profundidade psicológica, digna de grandes personagens. Sua viagem à terra dos monstros, onde torna-se rei, dá ao pequeno leitor inúmeras possibilidades. Ele é a própria criança em diálogo com seus medos, desejos, fantasias e ansiedades. Sua mãe, a antagonista da história, está presente apenas no pensamento do menino, que desobedece, transgride, inventa e desafia, mas, como um bom filho, à casa torna. Max, podemos dizer sem medo, é a criança sadia. A criança que experimenta, sem, no entanto, cortar os laços com o mundo real. Ele vai e volta da terra dos monstros, com a certeza de que haverá um prato de comida quentinho o esperando. Para nós, convidados por Sendak para esta aventura, fica a certeza de que uma boa história é sempre uma rica viagem. Assim, que o Antônio a entende todas as vezes que a leio para ele. Já ouviu inúmeras vezes as aventuras de Max, na terra dos monstros, mas está sempre disposto a mais uma vez. Ele, mais que o Pedro, que conheceu a história com quase oito anos, assim que ela foi lançada no Brasil, curte as possibilidades da narrativa de Senadk. Curte tanto que, todas as vezes que a ouve, resolve assumir a identidade de um dos monstros - sempre o mesmo, que representam a subjetividade da criança em todas as suas possibilidades, do humor ao terror. Um belo livro, que, com certeza, justifica uma vida. Fica aqui minha homenagem a este grande autor, que ganhou os dois mais importantes prêmios mundiais da literatura infantil - o Hans Christian Anderson, em 1970, e o Astrid Lindgren, em 2003.
Quem quiser, ler outro comentário do Gato de Sofá sobre o livro, clique aqui.  

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