quarta-feira, 16 de maio de 2012

Para não esquecer jamais!

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Hoje é dia de saudarmos a verdade. Dia de nós, brasileiros, olharmos para trás na busca de nossa verdadeira história. Mas também é dia de esperança no futuro. Esperança de que os fatos que a Comissão da Verdade, instalada hoje pela presidente Dilma, vai investigar, não se repetirão mais em nossa história. Uma história que, como nos ensinou Darcy Ribeiro, fez de tudo para esconder sua violência. Uma violência que impôs à menina protagonista de O Lobo, de Graziela Bozano Hetzel, editado pela Manati, a ausência do pai, e à minha amiga Renata Lins um exílio precoce. Eram tempos de Ditadura Militar, de medo, repressão e arbítrio que levaram milhares de vidas a ficar em suspenso. É isso que Graziela nos lembra em O Lobo, premiado em 2009 pela Fundação Nacional do Livro Infanto-Juvenil. Com a ajuda das delicadas ilustrações de Elizabeth Teixeira, Graziela conta para as crianças, nascidas em dias distantes de tamanha barbárie, que o Brasil já viu muito sofrimento. Há quem pense que este assunto não se trata com crianças. Mas não! Lembrar desses dias é contribuir para que elas não se defrontem com um novo período de trevas. Graziela reconta a história sob a ótica de uma menina que não entende a ausência do pai, preso político. Ela vive tempos de confusão e angústia, mas felizmente acaba retomando sua vida ao reencontrar o pai. A violência da ditadura, no entanto, não deu essa chance a todos. Por isso, as palavras de Dilma, lembrando que muitos brasileiros perderam amigos e parentes, nestes dias sombrios, e que a nação tem o direito à verdade. Neste dia de celebração da verdade, vale uma homenagem especial ao Grupo Tortura Nunca Mais e a aqueles brasileiros que têm lutado todos estes anos pelo direito à  verdade.

9 comentários:

Ana Paula disse...

Luciana, belíssimo post. Leio hoje, quinta e me vem a imagem da nossa presidente ontem chorando ao falar do assunto. Sim ele faz parte infelizmente da nossa história e é um assunto sim para crianças, claro que já dá para ver pela ilustração da capa a delicadeza com que será levado ao universo infantil. Vamos ler, depois volto aqui para contar!
beijo

Luciana Conti disse...

Oi, Ana Paula,
Me lembrei de outro livro para jovens leitores, desta vez adolescentes, que fala deste período. "Quando eu voltei, tive uma surpresa", do Joel Rufino dos Santos. Trata-se das cartas escritas por Joel, enquanto esteve preso por razões políticas, para seu filho de 8 anos. Eu não li, mas já ouvi falar que é lindo.
bjs

Ana Paula disse...

Luciana, o que eu e meu filhos lemos nessa linha "será que é bom para criança? "foi o Por um fio de esperança. Meu filho chorou durante a leitura, disse que é um livro muito triste, mas que gostou.
Deixarei este anotado! Obrigada pela dica. Beijo

Natalie disse...

ótimo post!
gostei das dicas da leitora também. todos anotados.

Nádia Ferreira disse...

Oi, Luciana
Não conhecia o livro, mas sua resenha despertou minha curiosidade. Vou comprar e ler O Lobo. Esta semana também fiquei orgulhosa da Dilma, pela instalação da Comissão da Verdade. Não era sem tempo. Esse assunto mexe comigo e tenho e sempre terei o maior respeito por quem lutou por democracia nos anos da ditadura às custas do próprio sangue. Parabéns pelo blog. Está show. Beijos, Nádia

Júlia disse...

Minha mãe me contou da Ditadura. Foi uma época difícil. Talvez, minha avó ou meu avô tenham pegado essa época.
Nas férias de julho vou visitar meus avós que moram em Minas Gerais e vou perguntar a eles como foram a ditadura para eles.
Eu adorei o livro e me emocionei.
O pai deve ter ido preso na ditadura e foi muito triste tudo o que a menina sentiu.
Um beijo da Júlia

Luciana Conti disse...

Oi, Júlia, sua mãe disse que vocês iam ler. Fico feliz de saber gostaram do livro. Aqueles tempos foram realmente muito difíceis. Eu lembro de alguma coisa. Era criança, como a menina do livro, mas, felizmente, não aconteceu nada com meus pais. Mas lembro bem do clima de medo,das pessoas falando de lado e olhando pro chão, como diz a canção de Chico Buarque. A menina sofreu muito mesmo, mas, no fim, reencontrou o pai. A vida é feita de encontros, desencontros e reencontros e é maravilhosa de ser vivida.
Fiquei feliz com sua mensagem!
Volte sempre.
bjs
Luciana

Ana Paula disse...

Luciana, três anos depois dessa postagem, estou aqui novamente para contar que hoje, meu filho está indo com a escola ao Memorial da Resistência - SP com a escola.
Ontem a noite lemos juntos O Lobo. Mais uma vez ele se emocionou e disse querer entender porque algumas pessoas, em protestos, pedem a volta da Ditadura.
Talvez nunca tenham lido um livro sobre o assunto, ou nunca visitaram um memorial como aquele.
Beijo!

Luciana Conti disse...

Manter a memória viva é mesmo uma maneira de afastar esse fantasma, Ana Paula. Seu filho tem razão, é inacreditável que alguém peça a volta da ditadura. Que bom que ele já possa entender isso. bjs