sábado, 19 de dezembro de 2015

Natal é um tempo de amor, magia e histórias

Hoje, não vou falar de um livro. Vou falar da importância deles na nossa vida. Os livros são portas abertas para realidades distantes, tempos idos e histórias que não são nossas, mas que podem nos proporcionar experiências inesquecíveis. Mas chegar até eles nem sempre é um caminho fácil e raramente, solitário. É preciso que nós adultos ajudemos as crianças a encontra-los, assim, como nossos pais e avós nos apresentaram ao mundo das narrativas orais ou escritas. Em uma infância não tão distante, ouvíamos histórias inventadas ou passadas de geração em geração e brincávamos com lengalengas, parlendas, cirandas, advinhas, enfim, uma série de brincadeiras faladas que nos colocam diante das possibilidades das narrativas e da língua. Hoje, com a infância vivida dentro de casa, a vida corrida dos adultos e o desencantamento do mundo, as histórias, cada vez mais, moram nos livros e nos produtos audiovisuais. Vamos combinar que o que a gente não precisa é apresentar a TV e o mundo virtual para as crianças, mas os livros precisam, sim, de uma apresentação. São poucas as crianças que chegam neles espontaneamente, mas são, ainda em menor número, aquelas que os rejeitam quando tomam contato com as histórias que cabem neles. Somos nós, adultos, que, com nossa voz, pequenas intervenções e muita ternura as conduzimos ao mundo das narrativas. Por isso, nada melhor do que aproveitarmos o Natal, essa festa de amor e magia, para darmos um livro de presente para as crianças. Você pode achar aqui, no blog, uma série de livros bacanas, além das listas de sugestões para crianças de até cinco anos, de seis a nove anos e com mais de 10 anosNo mais, aproveito para deixar meus votos de feliz Natal e um 2016 cheio de boas novas. 

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

50 anos riscando a vida

Hoje acordei com 50 anos. Levantei cheia de sono, querendo dormir mais, mas levantei rápido o suficiente para agarrar a vida com a pressa de quem acredita estar apenas no meio do caminho. E para celebrar essa data, nada melhor do que lembrar o meu poeta preferido, falando com a justeza dos céticos sobre as possibilidades da vida.

"Nunca pensei que tal mundo
com sermões implantaria.
Sei que traçar no papel
é mais fácil que na vida,
Sei que o mundo jamais é
a página pura e passiva.
O mundo não é uma ilha
de papel, receptiva:
o mundo tem alma autônoma,
é de alma inquieta e explosiva.
Mas o sol me deu a ideia
de um mundo claro algum dia.
Risco nesse papel praia,
em sua brancura crítica,
que exige sempre a justeza
em qualquer caligrafia:
que exige que as coisas nele
sejam de linhas precisas
e que não faz diferença
entre a justeza e a justiça."

Trecho de "O auto do Frade", de João Cabral de Melo Neto