segunda-feira, 23 de julho de 2012

Chiclete, uma boa razão para seguir lendo

Tenho passado pouco pelo blog. Sei disso. A vida está corrida, muitas coisas ao mesmo tempo, mudanças por vir. Mas nossa rotina leitora continua. O Antônio não dorme sem ouvir uma história. É seu momento mágico de aconchego, em que reclama seus direitos de filho e disputa meu amor com o irmão. Ele sempre me quer a seu lado, lendo para ele e depois o aguardando pegar no sono. Os dias que leio primeiro para ele para depois ler e fazer um cafuné no Pedro são um inferno em sua vida. Ele chora, pergunta mil vezes se eu não vou dormir em sua cama, tenta estragar a leitura do irmão, leva broncas, não raro é expulso do quarto, enfim, um tumulto. Mas o amor de irmão, quando verdadeiro, supera todos estes momentos. Tanto que outro dia, exausta, deitei cedo, avisando que não leria para ninguém. Os dois, maior e menor, entraram em meu quarto de mãozinhas dadas para tentar mais uma vez. Diante de minha negativa saíram e se ajeitaram como puderam. Foi quando eu vi, encantada, o Pedro lendo para o irmão. Os dois juntinhos, na mesma cama, lado a lado, como dois irmãos amados. Naquela hora, quem visse, não  poderia imaginar as inúmeras brigas, as implicâncias, as chatices, os egoísmos, enfim tudo o que anima e desespera a vida de quem tem irmão. O Pedro, muitas vezes, se condói do Antônio e cede para ele. Já o contrário, é pouco comum. O Antônio, nos últimos tempos, tem apelado para garantir minha presença em sua cama ao lembrar dos momentos em que o irmão, irado comigo, diz que sou chata. "Mãe, o Pedro nem gosta de você!" Não posso deixar de lembrá-lo que ele também me renega em seus chiliques e que, apesar de raivas passageiras, os dois continuam a me amar, assim como eu não deixo de amá-los nos momentos em que quase me levam a loucura. Assim, nessa animação de casa com muitas crianças, vamos recebendo novos personagens em nossa vida. O último a chegar foi Chiclete, o irmão mais novo de Judy Moody. O personagem apareceu primeiro na série dedicada à sua irmã, um sucesso da Editora Salamandra no público formado por meninas pré-adolescentes, e acabou ganhando vida própria pelas mãos de Megan McDonald, com a ajuda das ilustrações de Peter H. Reynolds. Não é a leitura sonhada pelas mães, mas é leitura que agrada a nossos filhos, com uma narrativa que mistura humor e escatologia. Confesso que acho o universo de Chiclete pobre, mais pobre ainda do que muitos de seus concorrentes, como As Aventuras do Capitão Cueca e o Diário de um Banana, mas ele agradou ao Pedro e é isso que me importa, neste momento, para não deixar que se afaste dos livros à medida que a adolescência se aproxima. Pedro já leu três dos cinco livros do irmão de Judy Moody e só deixou o quarto de lado para ler o sexto da série do Banana, recém-lançado no Brasil. Assim, segue lendo. Bobagem ou não, é o livro que o encanta neste momento da vida. Que ele possa encontrar, sempre, em toda a sua vida, personagens que lhes deem razões para continuar a ler.

2 comentários:

  1. Luciana, que lindeza de palavras. A forma como você observa seus filhos é maravilhosa, cheia de poesia. Só esta narrativa já é um conto muito gostoso de ler. Tomara nossos filhos cresçam juntos e continuem a desenvolver a amizade. Beijos e parabéns.

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  2. oi Lu,
    que post lindo! Amor de irmãos é mesmo uma delícia, apesar das brigas. Quem sabe não vejo isso lá em casa ainda? "só me falta-me a coragem..." rsrs
    Quanto ao livro, continuar lendo é mesmo o mais importante. Ainda não conheço essas séries teens, mas logo chegará a minha vez.
    bjs,
    Mil Cachinhos
    www.cachinhosleitores.blogspot.com

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