quarta-feira, 15 de julho de 2015

Uma adaptação que guarda a magia do original

Outro dia venci a resistência do Antônio para novas histórias, com a leitura - diga-se de passagem, à sua revelia - das primeiras páginas de A pequena Alice no país das maravilhas, de Lewis Carroll. "Era uma vez uma menininha chamada Alice. E ela teve um sonho muito estranho. Você quer saber o que ela sonhou?" - comecei lendo. "Bem, a primeira coisa que aconteceu foi essa. Um Coelho Branco veio correndo apressado e, justamente quando passava diante de Alice, tirou o relógio do bolso." - continuei, atraindo a atenção dele, que se chegou, encostou-se em mim e passou a acompanhar a história, adaptada do clássico Alice no país das maravilhas pelo próprio autor, interessado em ganhar os leitores de zero a cinco anos. O livro é uma preciosidade que chegou para o leitor brasileiro só agora, em meio às comemorações pelos 150 anos da primeira edição de Alice, com uma edição caprichada da Galerinha Record. O texto foi traduzido pela maravilhosa Marina Colasanti e está abrigado em um  livro de capa dura, grande, de 24cm por 30, com belíssimas ilustrações do francês Emanuel Polanco. Mas voltando ao texto de A pequena Alice, uma das cerejas do bolo desse badalado aniversário, sua maior qualidade é manter a magia do original. E a maneira de Carroll fazer essa adaptação sem amesquinhá-lo foi transformar-se, diante das crianças pequenas, em um contador de histórias. Ele dialoga com elas em vários momentos da narrativa e busca nas ilustrações ainda mais razões para seu pequeno leitor/ouvinte submergir ainda mais fundo no universo mágico do país das maravilhas e vencer as 47 páginas da história. É nessa triangulação – texto, imagem e leitor – que a pequena Alice vai ganhando vida e encontrando os personagens que habitam o seu país das maravilhas. Assim, o consagrado autor oferece a quem ainda conhece pouco do mundo real um livro igual à Alice, que cresce, cresce, cresce e, depois, diminui, diminui e diminui, mais uma vez cresce, cresce e cresce, desafiando, nesse vai e vem da imaginação, o pequeno leitor a sonhar. Aqui em casa, posso garantir que deu certo. O Antônio passou toda a história acompanhando as aventuras de Alice e olhando com atenção as ilustrações, para, ao fim, me perguntar. "Mãe, ela estava sonhando?" "Estava, Antônio. Você queria ter um sonho como esse", perguntei. "Queria", disse convicto. "Pois, então, feche os olhos para dormir rapinho e fica pensando na Alice, para sonhar igual a ela", disse, aproveitando o ensejo para colocá-lo para dormir. Graças a Carrell, aquela noite foi breve e cheia de bons sonhos. 

Se quiser ouvir o comentário sobre o livro, na coluna Hora da Leitura, da Rádio BandNews FM Rio, clique aqui.

2 comentários:

  1. Oi Luciana! Eu assisti a uma entrevista com a Marina Colassanti falando do livro. Confesso que não sabia que o próprio Lewis Carrol tinha escrito essa versão para crianças menores.
    Deve mesmo ser encantador!
    Minha filha encenou na escola agora em junho a peça onde ela interpretava o coelho.
    Estamos mesmo ganhando presentes especiais com este aniversário! Beijo.

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  2. O livro é lindo. Vale a pena apresentar para ela. bjs

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