Uma feliz coincidência fez com que o Antônio trouxesse da escola, na sexta-feira, o livro A cama da mamãe, de Joi Carlin, com ilustrações de Morella Fuenmayor. A história de três irmãos que se aboletam na cama da mãe para brincar, imaginar novos mundos ou mesmo conversar caiu como uma luva para ser lido depois de Posso dormir com você?, de Graziela Bozano Hetzel. O Antônio, grudadinho em mim, adorou ouvir as inúmeras possibilidades de vida que existem na cama da mamãe e, diga-se de passagem do papai também. Já o Pedro, mais velho e mais ranzinza, reclamou que eu não deixava ele montar cabanas com o Antônio na minha cama. Coitadinha de mim e do Cadoca, nossa cama, mais parece um mafuá. Tem criança, gato e bagunça quase todo o tempo sobre ela. Não raro aparece alguém, no meio da noite, querendo dormir conosco. Aí, sim, nos dá uma saudade de tempos antigos em que tínhamos uma cama com lençóis limpinhos e esticadinhos, que ficavam nos esperando o dia todo sem pressa. Mas com certeza, aquela cama não tinha o calor humano que a nossa tem hoje. Acho que, noves fora, acabamos no lucro. Enfim, A cama da mamãe é uma bela escolha da Salmandra, que apostou na tradução luxuosa de Ana Maria Machado para valorizar a história da canadense Join Carlin.
PS: Lendo este post quase dois anos depois, vi a injustiça que cometi ao não falar nada da cama do meu pai e da minha mãe. Aí sim é que a coisa era punk. Somos três irmãos, com uma diferença de um ano e dois meses de um para o outro, que fazíamos da cama dos nossos pais palco para nossa brincadeiras e maluquices, como fazê-la de ringue de Telecatch Montilla. Como na luta-livre que fazia sucesso no fim dos anos 60 não havia mulheres, eu passei a ser a Índia Paraguaia, uma adaptação do Tigre Paraguaio, e meus irmãos o mocinho Ted Boy Marino e o vilão Rasputin Barba Vermelha. Tudo isso assistido e apitado pelo meu pai. Tinha dias que a brincadeira era o meu pai fazer cosquinha na gente, até quase fazermos xixi nas calças. Coitada da minha mãe! Não era raro fazermos xixi nas calças e, o que é pior, quebrarmos o estrado da cama. Quando isso acontecia, meu pai, com cara de santo, propunha trocar de lugar com ela na cama e, minha mãe, sempre incrédula, aceitava. Era o maior fuzuê quando ela constatava a razão da troca. havia também os dias mais calmos, em que nos empoleirávamos na cama para fazer cosquinha nas costas uns dos outros. Nessa hora, a briga era para saber quem tinha sido o mais beneficiado. Quase sempre era a minha mãe! Bons tempos em que pudia fazer tudo isso e, depois, voltar para meu quarto e deitar-me na minha cama, quentinha, limpinha e com os lençóis esticadinhos. Nada melhor do que a cama do papai e da mamãe!
Gostei da dica. Reflete bem o dia a dia de casa e de como as crianças de sentem a vontade na cama dos pais. Lembro que quando pequena curtia muito mais a cama dos meus ´pais que a minha!
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