Eu queria ser o galo Juvenal para ficar com a cara assim exposta ao vento e seguir surfando no guidão de uma bicicleta, movida pelos meus dois melhores amigos - o rato Frederico e o porco Valdemar. Mas calei-me quando o Antônio me perguntou qual dos Amigos, do livro do alemão Helme Heine, editado pela Ática, eu queria ser. Afinal era uma história para amigos e não para família. Mãe quando se mete em história de amigos arruma uma terrível confusão. Antônio conformou-se com minha omissão e decidiu ser o rato Frederico. Investido no personagem de Heine, Antônio correu pelos campos com seus melhores amigos, explorou lagoas em navios piratas, pescou, dividiu o melhor e o pior de um jantar e, por fim, foi catar um lugar para dormir. Dormir junto com os amigos, como é o desejo de toda criança. Mas não deu. Não tinha nenhuma mãe para dizer não, mas a noite dos três amigos juntos não foi possível. Cada um foi para sua casa dormir e, que gostoso, sonhou estar de novo junto com seus companheiros. Perguntei ao Antônio se ele sonhava com seus amigos. A resposta foi surpreendente e uma delícia. "Mãe, sabe aquele dia em que troquei de nome? Sonhei que estava dando um soco no Vinícius porque ele me chamou de Lucas Antônio", contou. Dando um soco?! Logo o Antônio, que é o maior boa paz?! Logo no Vinícius, seu melhor amigo?! Pois é, um dia explico melhor. Mas o caso foi que o Antônio quis mudar seu nome para Lucas e os amigos na escola não toparam a história e passaram a lhe chamar pelo novo e pelo antigo nome. Magoado como o nome composto, resolveu sua parada no sonho. Liberou sua raiva, deu um soco no Vinícius e não perdeu o amigo! Tudo resolvido! Afinal, como diz Heine, amigos de verdade, ninguém pode separar.
PS: Não posso deixar de falar das ilustrações, do próprio autor, que reforçam a atmosfera delicada da história, com seus tons suaves e traços ternos.
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