quarta-feira, 3 de junho de 2015
Enquanto Rui não cresce e toma juízo
Em uma coisa as crianças têm razão: mãe é uma figura chata. Está sempre reclamando, mandando o filho fazer o que não quer, chamando a atenção, enfim, educando. Mas eles, com a experiência que têm, é claro, não são capazes de perceber que toda aquela chatice, no fundo, no fundo, é para o bem deles. Então, vamos combinar que o que sobra é a chatice. E é isso que a mãe de Rui, protagonista de Enquanto isso, de Jules Feiffer, editado pela Companhia das Letrinhas, é: uma mala. A mãe interrompe, com seus gritos, os momentos de prazer do menino, irritando-o, até que um dia, tem uma brilhante ideia: imitar as histórias em quadrinhos e dar um corte temporal na narrativa para livrar-se dela. Enquanto a mãe grita, ele transporta-se para aventuras radicais e, para salvar-se desses novos perigos, usa novamente o recurso do "enquanto isso" aprendido nas tirinhas. Feiffer joga esse jogo como um craque - ele é um reconhecido quadrinista americano - e nos dá, assim, a oportunidade de curtir muitas maluquices, enquanto Rui não cresce e toma juízo. As aventuras narradas por Feiffer bem que poderiam ter saído da cabeça de um dos meus filhos, que ouviram atentos à história, para as redações da escola. Os personagens que cruzam com Rui são os tops do imaginário infantil: piratas, tubarões e outras feras que fazem Rui correr de uma história para outra, até aterrizar novamente em seu quarto para enfrentar a maior delas: sua mãe. Um livro bacana que nos faz lembrar que as melhores histórias para crianças são aquelas escritas por quem não se esqueceu de como era ser criança. Assim, Feiffer cria um Rui cheio de moral, mesmo que, do ponto de vista das mães, ele não tenha qualquer razão.
Bacanérrimo, porque a queda de braço entre mãe e filhos é grande. Vou ler também.
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ResponderExcluirBeijos para a minha mãe, que deixou de ser chata quando eu cresci. rs
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