terça-feira, 28 de junho de 2011
A liberdade de curtir um bom vilão
A história do Pato Atolado, de Jez Alborough, editada pela Brinque-Book, chegou aqui em casa pelas mãos da Daniela Fossaluza, a coordenadora do grupo Costurando Histórias, na festa de aniversário de quatro anos do Antônio. A história foi uma das contadas por Daniela na festa e fez o maior sucesso entre as crianças. Eu também adorei. Tanto é que resolvi comprar para o Antônio o livro, que ele logo reconheceu como sendo o mesmo apresentado por Daniela, para nossas sessões noturnas de leitura. O pato, que atola com seu carro em um lamaçal e pede ajuda para um sapo, um carneiro e um bode, é um personagem cativante, apesar de não ser nada ético. Assim que ele se livra do atoleiro, sai, na careta, deixando quem o ajudou na maior roubada. Safado esse pato! Não resta dúvidas! Mesmo assim, o Antônio se diverte com a encrenca em que o sapo, o carneiro e o bode se metem por causa do pato e acompanha com atenção a narrativa, em tom descritivo, da história tão bem ilustrada pela própria autora. Melhor ainda é ver meu menino, ainda tão pequenino, dominando a arte da provocação. Dia sim, dia não - isso mesmo, há uma semana esse livro tem sido lido diariamente aqui em casa -, ele afirma a maldade do pato. Mas tem dias que prefere brincar com a verdade e, mesmo sabendo de tudo que o pato é capaz, faz uma cara de santo e se nega a concordar comigo sobre a safadeza do pato. Como não, pergunto com ênfase. O Antônio, coloca seu melhor sorriso no rosto, e diz que gosta do pato, esperando divertido por minha nova reação. Tem ele razão de me provocar e, sem saber, defender a liberdade do leitor de curtir um bom vilão. Afinal, não fosse o pato um safado, a história não teria a menor graça.
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