Amanhã é Natal e é impossível não pensar que esse é o primeiro que não passaremos com meu pai. Ele partiu há dois meses, no dia seguinte de completar 89 anos, nos deixando tristes em um luto mais do que esperado, mas felizes por termos podido atendê-lo e amá-lo em seus últimos meses. Não foi nada fácil assistir a decrepitude daquele corpo sempre tão vigoroso, mas foi preciso para nós, que o víamos lentamente partir, e para ele se desligar da vida que tanto amava. Um amor cheio de conflitos, de arestas, intranquilo, mas verdadeiro, como foi verdadeiro o que o uniu por 66 anos a minha mãe. Meu pai foi antes de tudo um rebelde, ou, em alguns momentos, um revoltado. As injustiças, desde as vividas em uma passional família ítalo-brasileira até as sociais, o incomodavam muito. Foi com ele que aprendi o valor de não se conformar com tudo e o preço dessa resistência, que não nos permite ficar confortável em um mundo tão desigual. Um desconforto que nos exclui de algumas das delícias oferecidas a poucos, mas que alimenta em nós a esperança, se não mais em um mundo melhor, de achar uma saída para o labirinto que o capitalismo nos encerrou. Essa rebeldia fazia com que ele renovasse todos os anos seu discurso contra o Natal. “O Natal é uma festa capitalista e consumista, que gera muita frustração em quem não pode participar dela.” O Natal não tem nada a ver com o espírito cristão.” “O Natal é uma festa hipócrita, que reúne gente que briga o ano todo, em torno de uma ceia, para fingir que se ama.” Uma cantilena que tirava o brilho de um Natal burguês, como o da casa da minha avó materna, com o encanto de um pinheiro de verdade decorado com velas queimadas à meia noite, para iluminar a família cantando Noite feliz. Ela nos fazia também ter alguma vergonha daquele conforto e, depois, em tempos de vacas não tão gordas, sentir que a magia do Natal era advinda de artificialidades. Mas, apesar de toda a crítica ao Natal, meu pai nunca faltou a um. Ele que era tão cristão, mesmo repudiando todas as religiões, sempre esteve conosco nesse dia, renovando seus laços com a vida e com as pessoas que amava e nos ensinando no dia a dia o valor dessas conexões. Tantas contradições provocadas pelo choque entre a realidade e o discurso, com certeza, fizeram com que o Natal fosse a festa da minha família mais carregada de emoção, emoções nem sempre plácidas, e é assim, com sentimentos igualmente tão desencontrados, agora provocados em mim pela recente ausência e a eterna presença do meu pai amado, que me preparo para mais um Natal. Dessa vez sem ele. Que tenhamos todos, família e amigos, uma noite feliz.
segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
terça-feira, 17 de dezembro de 2024
Hoje é dia de agradecer ao Ceat
Hoje é dia de agradecer a essa escola maravilhosa por ter recebido tão afetuosamente os meus filhos, o Pedro e o Antônio, e, porque não dizer, a mim e ao Cadoca. Matricular os filhos no Ceat é mais do que escolher uma escola para eles, é ingressar em uma comunidade em que todos contam, professores, funcionários, alunos e seus familiares. Pois é, estamos aqui há 17 anos e hoje essa história termina. O Pedro se formou há cinco e o Antônio se forma hoje. Mas ela termina para começar outra, em que o Ceat deixa de ser uma rotina nas nossas vidas para virar uma referência na vida deles. O Pedro sabe disso e, tenho certeza, o Antônio desconfia que assim será. Por isso, quis agradecer. Agradecer aos professores que, desde a educação infantil, colaboraram com a educação dos meus filhos. Não falo apenas de uma educação instrumental, visando o domínio de conteúdos que serão importantes para a vida universitária e o trabalho, mas, sobretudo, de uma educação maior, preocupada em formar pessoas criativas, críticas e, acima de tudo, comprometidas com a sociedade em que vivem. Valores que não podem ser transmitidos por uma educação que nivele a todos pela régua do sucesso, da eficiência e da obediência, desconsiderando a diversidade que permite muitas formas de viver. Viver... é isso que o Ceat ensina. Viver em comunidade, viver com alegria, viver com compromisso. E é por isso que agradeço hoje ao Ceat, aos professores, aos funcionários, aos amigos do Pedro e do Antônio e às famílias que compartilharam comigo e com o Cadoca a aventura de ver os filhos crescerem. Hoje é dia de agradecer e de acreditar que a vida pode ser melhor. E será! Por hora, desejo apenas sorte e felicidades pro Antônio e sua turma tão querida. Obrigada a todos! #formatura #ceat
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