sexta-feira, 25 de maio de 2012

Olha a cara do meu Gato de Sofá!

Acabo de ganhar um presente que me deixou muito feliz! Uma barra e um perfil para meu Gato de Sofá! Veio de longe, lá de Braga, onde minha querida Amanda Nogueira está passando uma temporada acadêmica. Amanda é uma velha amiga, que acompanhou meus primeiros dias de maternidade. Eu a conheci ainda grávida do Pedro, quando pensava com o esmero das mães de primeira viagem o quarto do meu bebê. Eu não queria uma decoração rococó, como costumam ser a dos quartos de bebê, queria um quarto divertido que acendesse a imaginação do meu pequeno. Foi quando soube na redação do jornal O Globo, onde trabalhava, que três artistas plásticas de Niterói faziam bonecos, almofadas e enfeites para quartos de criança. E elas estavam lá para uma sessão de fotos. Fui olhar, curiosa, o que elas traziam e me encantei. Era tudo colorido e divertido, como eu queria. Logo depois, elas foram na minha casa para eu explicar o que pensava para o quarto. Não era nada grandioso, já que também não tinha dinheiro nem vontade para gastar os tubos na decoração. Sentamos as quatro - eu, Amanda, Fernanda Galindo e Carla Jardim - no quarto, que até então era um escritório, para conversarmos sobre meus desejos. Eu queria bichos - acho que os bichos esquentam o coração das crianças - e mais bichos. Assim foi. Almofadas, protetor de berço, quadrinhos, abajur, etc... O Pedro nasceu, fui perdendo o contato com as meninas, mas a Amanda ficou na minha vida, na medida em que fomos descobrindo interesses comuns. Essas afinidades nos fizeram amigas. Em nossas trocas de ideias, descobri, entre outras coisas, o curso de especialização em Literatura Infanto-Juvenil da UFF, que ela e a Vivi Fernandes de Lima me incentivaram a fazer. Agora, ela me vem com este presente, que curti muito. Meu gatinho, como eu imaginava, refestelado em um sofá gostoso para viajar nas histórias. Amei!

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Para não esquecer jamais!

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Hoje é dia de saudarmos a verdade. Dia de nós, brasileiros, olharmos para trás na busca de nossa verdadeira história. Mas também é dia de esperança no futuro. Esperança de que os fatos que a Comissão da Verdade, instalada hoje pela presidente Dilma, vai investigar, não se repetirão mais em nossa história. Uma história que, como nos ensinou Darcy Ribeiro, fez de tudo para esconder sua violência. Uma violência que impôs à menina protagonista de O Lobo, de Graziela Bozano Hetzel, editado pela Manati, a ausência do pai, e à minha amiga Renata Lins um exílio precoce. Eram tempos de Ditadura Militar, de medo, repressão e arbítrio que levaram milhares de vidas a ficar em suspenso. É isso que Graziela nos lembra em O Lobo, premiado em 2009 pela Fundação Nacional do Livro Infanto-Juvenil. Com a ajuda das delicadas ilustrações de Elizabeth Teixeira, Graziela conta para as crianças, nascidas em dias distantes de tamanha barbárie, que o Brasil já viu muito sofrimento. Há quem pense que este assunto não se trata com crianças. Mas não! Lembrar desses dias é contribuir para que elas não se defrontem com um novo período de trevas. Graziela reconta a história sob a ótica de uma menina que não entende a ausência do pai, preso político. Ela vive tempos de confusão e angústia, mas felizmente acaba retomando sua vida ao reencontrar o pai. A violência da ditadura, no entanto, não deu essa chance a todos. Por isso, as palavras de Dilma, lembrando que muitos brasileiros perderam amigos e parentes, nestes dias sombrios, e que a nação tem o direito à verdade. Neste dia de celebração da verdade, vale uma homenagem especial ao Grupo Tortura Nunca Mais e a aqueles brasileiros que têm lutado todos estes anos pelo direito à  verdade.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Assim é se lhe parece!

A verdadeira história dos três porquinhos, da dupla de autor e ilustrador Jon Scieszka e Lane Smith, chegou aqui em casa pelas mãos do Antônio, que, sendo o primeiro na chamada, teve o privilégio de abrir a escolha dos livros da ciranda. Tem lobo, porquinhos... é esse mesmo! Escolheu sem qualquer sombra de dúvidas e chegou em casa todo orgulhoso, com  o livro editado pela Companhia das Letrinhas. Eu já o conhecia, mas confesso implicava com ele, como com quase todos que tornam-se campeões de venda. Mas neste caso, se ele virou um best-seller, virou por seus méritos e não deméritos. A verdadeira história dos três porquinhos, lançado em 1989, é o primeiro livro da dupla de autor e ilustrador e, com certeza, um dos primeiros a desconstruir um conto de fadas. Mas Scieszka, um renomado autor para crianças, faz isso com o maior talento, o que livra a narrativa de ser mais uma história politicamente correta ou desmistificadora dos contos tradicionais, tão em voga nos últimos anos. Pelo contrário, o livro reforça o caráter maravilhoso das histórias tradicionais ao criar dúvidas sobre o papel do lobo na morte dos porquinhos, da casa de palha e de madeira, e na tentativa de invasão da casa de tijolos. O formato depoimento, proposto pelo autor, é a grande sacada. que dá uma dimensão maior à história contada pelo lobo mau. Ele pode estar falando a verdade ou não. Suas críticas aos meios de comunicação, que, segundo ele, o endemonizaram, podem ser justas ou apenas uma estratégia de sua defesa para livrá-lo da culpa. Pois é, guardando as devidas proporções. a história me lembrou livros reportagens produzidos por jornalistas americanos, com entrevistas de condenados por crimes de grande repercussão. Ao fecharmos o livro de Scieszka, fica a dúvida se o lobo é mais um psicopata ardiloso ou uma vítima de coincidências infelizes, exploradas com sensacionalismo pela mídia. Tudo isso com a sutileza que uma narrativa desta natureza exige, para que a história não resvale no didatismo. Bom ou mau, mais uma vez uma bela história de lobo!

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Minha homenagem a Maurice Sendak

Acabo de ler no jornal que o escritor e ilustrador americano Maurice Sendak morreu ontem, aos 83 anos, em decorrência de um derrame sofrido há dias. Fiquei triste, mesmo sem nunca tê-lo visto. Conheço de Sendak apenas o livro Onde vivem os monstros, editado aqui no Brasil pela Cosac Naify. Sei que não basta, mas para mim foi o suficiente para entender sua importância na cena da literatura infantil. Max, o menino protagonista do livro ilustrado, ganha no traço e texto de Sendak uma profundidade psicológica, digna de grandes personagens. Sua viagem à terra dos monstros, onde torna-se rei, dá ao pequeno leitor inúmeras possibilidades. Ele é a própria criança em diálogo com seus medos, desejos, fantasias e ansiedades. Sua mãe, a antagonista da história, está presente apenas no pensamento do menino, que desobedece, transgride, inventa e desafia, mas, como um bom filho, à casa torna. Max, podemos dizer sem medo, é a criança sadia. A criança que experimenta, sem, no entanto, cortar os laços com o mundo real. Ele vai e volta da terra dos monstros, com a certeza de que haverá um prato de comida quentinho o esperando. Para nós, convidados por Sendak para esta aventura, fica a certeza de que uma boa história é sempre uma rica viagem. Assim, que o Antônio a entende todas as vezes que a leio para ele. Já ouviu inúmeras vezes as aventuras de Max, na terra dos monstros, mas está sempre disposto a mais uma vez. Ele, mais que o Pedro, que conheceu a história com quase oito anos, assim que ela foi lançada no Brasil, curte as possibilidades da narrativa de Senadk. Curte tanto que, todas as vezes que a ouve, resolve assumir a identidade de um dos monstros - sempre o mesmo, que representam a subjetividade da criança em todas as suas possibilidades, do humor ao terror. Um belo livro, que, com certeza, justifica uma vida. Fica aqui minha homenagem a este grande autor, que ganhou os dois mais importantes prêmios mundiais da literatura infantil - o Hans Christian Anderson, em 1970, e o Astrid Lindgren, em 2003.
Quem quiser, ler outro comentário do Gato de Sofá sobre o livro, clique aqui.  

domingo, 6 de maio de 2012

Uma história que passa de geração em geração

Fiquei tão feliz quando, por acaso, achei na estante de uma livraria O grande rabanete, de Tatiana Belinky, editado pela Moderna, que resolvi ler a história ali mesmo para o Antônio. Tão logo iniciei a leitura, vi que Tatiana Belinky mais uma vez o conquistara. Ele foi, com a maior animação e atenção, até o fim da história do agricultor que tenta, sem sucesso, puxar um rabanete da terra. A razão de tanto interesse encontra-se no talento de Tatiana em contar ou recontar uma história, como é o caso de O grande rabanete, uma releitura do conto tradicional russo O nabo gigante, recolhido no século XIX pelo grande Leon Tolstoi. Tatiana, russa radicada no Brasil, conta no fim do livro que, como não gosta de nabo, escolheu o rabanete para recontar a história que ouvia na infância de seu avô. O resultado de seu talento, aliado a uma bem-humorada ilustração de Claudius, produz um belo livro para crianças. A animação do Antônio foi tanta que resolvi comprar o livro, que, diga-se de passagem, estava na minha lista de desejos há anos, desde que o conheci por meio de uma ciranda de livros da escola. Lemos na livraria de manhã e relemos à noite em casa, quando tive a grata surpresa de vê-lo decorar o texto para fingir que estava lendo sozinho. Fiquei encantada com o Antônio narrando, com a maior segurança, o esforço do agricultor em retirar o grande rabanete da terra e os reforços que conquistou no meio do caminho para, ao fim, rir-se todo do ratinho garboso, que resolve ficar com os louros do esforço de todos. Tatiana tem razão, esta é uma história para lembrar-se por toda a vida e passar de geração em geração. Não a toa, em 12 anos, o livro já ganhou duas edições e 34 reimpressões. Que Tatiana nos conte outra!