quinta-feira, 30 de julho de 2009

Minas: ô trem bão, sô!

Trem chegou, trem já vai, de José Carlos Aragão, ilustrado por Elma, da Editora Paulinas, me levou de volta a Minas Gerais, de onde acabei de chegar de uma breve viagem. Embarquei no ritmo do belo poema de José Carlos, inspirado em Manoel Bandeira, com seu maravilhoso Trem de ferro, e desembarquei na Estação de Mariana, onde me surpreendi com o projeto Trem da Vale. Ali, escondidas nas montanhas de Minas, a empresa mantém a praça lúdico-musical e uma bela biblioteca infantil aberta a quem quiser chegar. Eu cheguei pelo trem, vindo de Ouro Preto, onde também funcionam uma biblioteca infantil e o vagão sonoro-ambiental. Tudo em parceria com a Universidade Federal de Ouro Preto, que dá um charme todo especial à cidade mineira. Me fez lembrar da Biblioteca de Tebas, criada por iniciativa do Tio Knnaip, cunhado do meu avô Jacy, onde aprendi a gostar de ler junto com a meninada do pequeno lugarejo mineiro. Viva Minas Gerais, exaltada no poema de José Carlos e nas delicadas ilustrações da paraibana (ou será pernambucana?) Elma, resultado de um trabalho de linha e agulha e retalhos, finalizados por seu pincel. Ilustrações tão lindas que as páginas do livro até parecem um painel daqueles que as mães faziam antigamente para os filhos. Mas o melhor do livro é mesmo poder, a qualquer hora, voltar a Minas. É só deixar a imaginação ser embalada pelo ritmo do trem de José Carlos, que ganhou o selo Altamente recomendável pela FNLIJ 2003, na categoria poesia, e o Prêmio Adolfo Aizen de Literatura Infantil, em 2002, conferido pela União Brasileira de Escritores - UBE.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Bicho-papão para tirar medo

Outro dia, vi pela primeira vez uma manifestação clara de medo por parte do Antônio. Ele que sempre dormiu super bem, com sono pesado, sem pesadelos, estava custando a adormecer. Só percebi o que estava acontecendo, quando ele deu um pulo, assim que ouviu um barulhinho. Naquele gesto vi o medo. Como tínhamos assistido à tardinha Mogli 2, o belo desenho do Walt Disney, perguntei se estava com medo. Com suas pouquíssimas palavras disse "é". Fui além e perguntei se era medo do tigre do Mogli, o terrível Sherikan. Ele disse novamente "é". O tranquilizei, dizendo que o tigre não viria à nossa casa e que eu e o pai dele o protegeríamos. Ouviu atento, arrumou o travesseiro e dormiu em seguida. Isso me fez lembrar o velho debate sobre histórias que metem medo. Quando era criança, meu pai não deixava ninguém contar histórias de bicho-papão para mim e meus irmãos. Ele dizia que eram histórias horrorosas, inventadas apenas para amedrontar as crianças e fazê-las obedientes e submissas à custa da insegurança. Posso até concordar com ele, mas em parte. Estas histórias foram por um longo tempo um meio de educar pelo medo crianças e adultos para os perigos do mundo. Mas eliminá-las do imaginário infantil não fará com que estes perigos desapareçam, nem com que elas não tenham medo. O medo está aí, no Antônio, de apenas dois anos, ou no Pedro, de 7 anos, e até em mim, burra velha, de 43 anos. Mas eles, aí que discordo do meu pai, têm a possibilidade de extravasar seus medos ao ouvirem histórias aterrorizadoras. Ainda mais, hoje, quando, nós adultos deixamos de acreditar nelas e, por isso, podemos contar a nossas crianças de forma lúdica e, assim, permitir que elas expressem seus medos. Por isso, o Pedro adora quando leio para ele Bicho-Papão pra gente pequena, bicho-papão pra gente grande, de Sônia Travassos, com ilustrações de Jean-Claude Alphen, editado pela Rocco Jovens Leitores. O livro é um divertido glossário sobre os mais horrorosos bichos-papões do imaginário popular e ainda traz uma coleção de bichos-papões criados pela autora para livrá-la da brabeza de sua mãe. Uma delícia. Mas acho que isso não vale para os filmes infantis que abusam da tensão para atrair a atenção da garotada. O realismo das cenas, animadas ou não, submetem as crianças a uma tensão que elas não estão preparadas para sofrer. Por isso, resolvi evitar alguns filmes para o Antônio. Mas as histórias sempre valem a pena.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Mais uma vez Manuel Bandeira

Este ano é de Manuel Bandeira. O grande homenageado da Flip vai ganhar, dia 18 de julho, mais uma homenagem. Desta vez, será na Biblioteca Popular de Santa Teresa, bairro carioca onde o poeta morou. Para falar da importância de sua obra, estará o também poeta e professor de Literatura da UFF Eucanaã Ferraz, que, na Flip, foi um dos palestrantes que falaram sobre o modernista. Tem tudo para ser bacana.

terça-feira, 7 de julho de 2009

A arca de Ruth Rocha e Mariana Massarani

A primeira vez que vi A arca de noé, de Ruth Rocha, com ilustrações da Mariana Massarani, me encantei. O livro - uma reedição da Salamandra pelos 40 anos da prosa de Ruth - estava na vitrine de uma livraria. Grandão, coloridão e com o desenho super bacana da Mariana era o destino certo do meu olhar. Me prometi naquele dia comprá-lo para o Antônio. O desejo ficou guardado até o Salão da Fundação Nacional do Livro Infanto Juvenil, em junho. Feliz, trouxe o livro para casa e o folheei com prazer. Ele é a prova de que uma história super batida como a da Arca de Noé pode ganhar novos contornos nas penas criativas de autor e ilustrador. A prosa da Ruth é uma delícia e nos faz querer ir até o fim, mesmo a gente sabendo onde a arca vai parar, e o traço de Mariana é maravilhoso. O Noé com sua barba enorme e colorida e vestido com uma túnica moderna é o máximo. A beleza do livro - texto e ilustração - encantou o Antônio que ouviu atento com os ouvidos e as mãozinhas nervosas a história até quase o fim. Já o Pedro aguentou mais, riu do pavão fantasiado para baile de carnaval, tentou achar a bengala do tigre, mas acabou dormindo. E eu, deliciada, fui até o fim para ver com quantos versos se faz uma arca. Viva Ruth, Mariana e a arca de Noé.