quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Feliz ano novo!

Aproveito estas últimas horas de 2009 para desejar a todos, nesta virada de ano, o renovar das esperanças. Para isso, recorro ao mestre João Cabral de Melo Neto, em o Auto do Frade. " O mundo não é uma folha/ de papel, receptiva:/ o mundo tem alma autônoma,/ é de alma inquieta e explosiva./ Mas o sol me deu a idéia/ de um mundo claro algum dia."

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Um manifesto contra a intolerância

Confesso que nunca imaginei encontrar um livro infantil ilustrado pelo cartunista Jaguar, dono de um desenho irreverente que causou arrepios nos mandões da Ditadura Militar e à primeira vista não tem nada a ver com criança. Mas que nada! A Editora Ática apostou certo ao editar, em 1999, Dois idiotas sentados cada qual no seu barril..., o feliz encontro da maravilhosa Ruth Rocha com o traço de Jaguar. O livro é uma pequena grande obra que revela às crianças o absurdo da intolerância e suas possíveis conseqüências. O Teimosinho e o Mandão travam um áspero e irracional diálogo em torno de uma vela. O detalhe é que os dois estão sentados, cada qual, em um barril de pólvora. A intolerância faz com que eles terminem a história indo aos ares. Como diz Ruth Rocha: "Lá se vão os idiotas: era uma vez um teimoso, era uma vez um mandão..." A força do texto e do traço não deixam dúvidas nos pequenos leitores. A intolerância não traz bom resultado. Que a Ruth e o Jaguar nos contem outra!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Bebê faz cocô no trono e puxa a descarga

O Antônio ganhou no Natal um lindo livro da minha mãe que vai me ajudar muito na hora de tirar suas fraldas. Cocô no trono, Benoit Charlat, da Companhia das Letrinhas, é grande, interativo, super bem ilustrado e fala direto para a faixa etária dos fraldinhas. Um pintinho muito engraçadinho observa vários bichos fazendo cocô na privada até que resolve, ele mesmo, sentar-se no trono para fazer seu cocozinho. Ao fim, educadíssimo, puxa a descarga provocando um coro de aprovação dos outros bichos que levantam-se em uma página de pop-up. O detalhe é que o pequeno leitor aperta na descarga para ouvir seu som. Sucesso garantido com os bebês.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Marcos e Estela para todas as idades

Uma das tarefas mais difíceis de um escritor - acredito - é falar como uma criança pequena. Pouquíssimos são aqueles que conseguem reproduzir as falas improváveis de uma criança na primeira infância. Marie-Louise Gay, com certeza, é um deles. Sua série de livros sobre os irmãos Marcos e Estela, publicada pela Brinque-Book, é maravilhosa justamente por reproduzir nos diálogos dos dois a ingenuidade das crianças. Um fala com o outro os maiores absurdos com a autoridade de uma criança que ainda não distingue com clareza a realidade da fantasia. Fantasia que faz Marcos acreditar que uma borboleta é azul porque come pedacinhos do céu. Mas engana-se quem pensa que Marie-Louise quis fazer poesia fácil com esta idéia. Marcos estava, na verdade, respondendo à irmã que afirmou que as boboletas amarelas são aquelas que comem mel. As histórias são ainda mais deleciosas quando aparece o Fred, o cachorro de Marcos que, o menino jura, é adestrado. A delicadesa dos livros, ilustrados pela própria Marie-Louise, faz com que a editora os recomende para crianças de dois a oito anos. Mas arrisco dizer que é diversão para todas as idades, afinal quem não gosta de poder lembrar-se de como pensava quando era pequeno.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Para falar de ciência com crianças

Uma das lembranças mais fortes de minha infância é a quantidade de revistas que eu e meus irmãos tínhamos em casa. Eram muitos gibis, que depois de lidos serviam de cadernos escolares para meus ficticios alunos e de novidades em uma banca que montávamos vez em quando no quarto dos meninos. Nós gostávamos de tudo que é revista. Mas não lembro de nenhuma que falasse de curiosidades e ciências ao alcance de crianças. Nossa curiosidade encontrava respostas nas enciclopédias Barsa, Delta Larousse ou Conhecer que, na minha casa, volta e meia ia parar no banheiro. Hoje, as enciclopédias estão fora de moda e a internet vai ganhando espaço como instrumento de pesquisa. Mas nada como manusear um impresso! E quando ele é legal como a Ciência Hoje para Crianças a satisfação é garantida. A revista mensal tem uma pauta que fala de curiosidades científicas ou fatos históricos, das profissões, dos bichos em extinção, de histórias legais com ilustrações bacanas de nossos melhores ilustradores, enfim, uma revista de variedades para crianças que estão sendo iniciadas no mundo da ciência. Tudo isso com o selo da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e um preço bem bacaninha. Para quem quiser saber mais, basta acessar a página http://cienciahoje.uol.com.br/view/418

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A vida dos animais contada para bebês

Outro dia, na reunião de pais da turma do Antônio, meu caçula, uma mãe falou de sua dificuldade em escolher livros para para seu filho, como o meu, um bebê. Pois é realmente difícil! Como saber o que é legal entre os inúmeros títulos que as livrarias expõem com pouco texto e ilustrações bastante coloridas e chamativas? Pois o que tenho feito é tentar achar algum conteúdo, seja de informação ou afetivo, nos livrinhos que levo para meu bebê. Este Vida de tigre, Editora ABC Press, é um pequeno livro cheio de encanto. O Antônio adora ver o tigrinho na selva, nas florestas geladas, nadando, caçando, carregando os filhotes e, enfim, rugindo. Ele que ainda não fala, arrisca com sucessso um rugido de tigrinho. O título faz parte de uma coleção que conta ainda a vida das vacas, das ovelhas, dos hipopótamos, das zebras e dos pingüins. Tudo bem colorido, como gostam nossos pequenos.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Desconstruindo o lobo





O Pedro, meu filho mais velho, foi um apaixonado por Os três porquinhos. Todos os dias ele pedia para contar a história dos três irmãos perseguidos pelo lobo mau. A repetição era tanta, que comprei mais de uma versão para a história e a usei como tema de sua festinha de três anos. O Pedro, como outras crianças apaixonadas por esta história, tinha um medo enorme do lobo. Afinal, era um lobo muito mau que, em algumas versões, infernizava a vida dos porquinhos e, no original, comia os dois mais novos sem piedade. Mais tarde, desapegado dos porquinhos, ele começou a gostar de histórias de outros lobos. O lobo e os sete cabritinhos também era um clássico aqui em casa, apesar da violência da narrativa que acaba com o lobo jogado no lago com um monte de pedras na barriga. Dá para imaginar o fim trágico do malvado lobo que come os filhos de dona Cabrita. Até que chegou uma hora em que foi necessário desmistificar este tal lobo mau. Há uma série de livros que fazem isso. Mas há dois que valem a pena ser citados. Chapeuzinho Amarelo, do nosso Chico Buarque, ilustrado com maestria por Ziraldo e editado pela José Oympio Editora, e O cuidado com o menino, uma história inglesa de Tony Blundel, traduzida por Ana Maria Machado e editada pela Salamandra. São leituras maravilhosas que mostram que o lobo não é tão poderoso assim. A história de Chico é maravilhosa e leva a criança a perceber que o medo do lobo é fruto de sua imaginação e que, afinal, ele pode não ser tão mal assim. A libertação de Chapeuzinho é contada em versos que, se lidos com vontade, transformam-se em um mantra contra o medo. Para fechar o ciclo dos lobos, vale O cuidado com o menino. É bom mesmo ter cuidado, afinal o menino é tão esperto que faz do lobo faminto gato e sapato. O fim do lobo que se preparava para jantar o menino é surpreendente.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Feliz Natal!


Olha que lindo o cartão de Natal que a Mariana Massarani me mandou! Aproveito o ensejo para desejar a todos um feliz Natal e um belo 2009.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Um banho de imaginação

A ilustradora Mariana Massarani não só tem um belo traço, tem também boas histórias. Banho!, da Global Editora, é um divertido livro em que quatro irmãos - Edson, Edilson, Edmilson e Ednalva - são levados aos tapas para o banho por uma mãe que vira onça. Mas já que o banho é inevitável, que seja divertido. Enquanto Edson, Edilson e Ednalva se imaginam em uma aventura em um rio cheio de botos, piranhas, peixes elétricos, sucuris, Edmilson fica lendo um gibi no vaso sanitário. O banho rola e Edmilson no vaso. O banho acaba e Edmilson no vaso. As crianças vão jantar e Edmilson no vaso. A leitura é muito divertida. Afinal, quem não tem um Edmilson em casa, que parece que vai florir de tão plantado que fica no vaso. Eu e o Pedro rimos muito sempre que o lemos, imaginando quem é o nosso Edmilson. Além de divertida, o livro é uma boa oportunidade para nossas crianças conhecerem um pouco mais a fauna dos rios amazônicos. Nós aproveitamos um dia, depois da  leitura, para pesquisar na internet os peixes brasileiríssimos que as crianças da Mariana imaginam seu banho. Foi divertido ter um primeiro contato com a internet, como fonte de informação. Melhor ainda foi conhecer estes meninos, que se parecem com qualquer um dos nossos filhos, nesta hora tão evitada pelas crianças, mas que, com um pouco de imaginação, se transforma em mais um momento legal da vida. Que a Mariana nos conte outra!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Música para criança que adulto gosta de ouvir

Tem muita gente que torce o nariz quando o assunto é música para criança. Também pudera! A maior parte dos discos gravados para crianças tem uma qualidade musical bastante duvidosa. Mas quem estiver disposto a procurar coisa boa, acha. Este é o caso do Duo Rodapião, formado pelos professores mineiros Eugênio Tadeu e Miguel Queiroz. O repertório do duo é formado principalmente por músicas do folclore brasileiro e europeu, mas foge à obviedade dos discos de cantiga de roda. O Dois a dois, de 1994, e o Murucututu, de 2001, mostram a força da voz e de instrumentos prosaicos e improvisados para fazer uma música vibrante e cativante. O último lançamento do duo foi o Nigun, de 2007, com gravações de canções de várias partes do mundo. A palavra nigun é de origem hebraica, que quer dizer melodia sem palavras. É música para crianças e para adultos, que pode ser encontrada no site da Livraria Cultura.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A viagem surrealista de Veríssimo

Aqui em casa cada um tem seu livro preferido. O meu marido já veio logo cobrando os seus: "Você tem que colocar no blog a dica do Eugênio, o Burro; Borba, o gato; e As aventuras do Avião Vemelho". Os dois primeiros são da genial Ruth Rocha com os desenhos bacanérrimos da Mariana Massarani. Realmente são ótimas leituras. Eugênio é um burrinho bem teimoso, que não quer fazer nada que os pais pedem. Quem não conhece um Eugênio? Já Borba é um gato metido a policial. Ele não se conforma com a interdição do destino que o fez gato e não cão policial e luta até o fim por seu sonho. Um obstinado. O último é do Érico Veríssimo, um dos meus escritores preferidos. Isso mesmo, o Veríssimo pai é autor de seis divertidos livros infantis. A minha edição é de 1983, da Editora Globo, com ilustrações de Vera Muccillo. Mas os livros podem ser econtrados em uma edição recente da Companhia das Letrinhas, com ilustrações da Eva Furnari. As histórias são uma confusão. Com certeza foram brotando da imaginação de nosso genial escritor no momento de colocar os filhos para dormir. São narrativas que misturam várias histórias clássicas e situações domésticas. O herói ou o anti-herói de As Aventuras... é o menino Fernando que pisa no rabo do gato, joga água quente no cachorro e pedra nas galinhas. Enfim, um típico peralta do século passado que se mete em uma viagem surrealista com um urso de pelúcia, um boneco negro e uma lata de biscoito. A bordo do avião vermelho, Fernando transforma-se no Capitão Tormenta. Bom... só lendo para crer em tanta imaginação. O resultado é que Pedro, meu filho, um pouco Eugênio, um pouco Borba e um pouco Capitão Tormenta, acaba sendo vencido pelo sono antes que as aventuras de Fernando cheguem ao fim. Afinal, é um livro de fôlego.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O futuro do planeta está em pauta

Neste momento, na Polônia, autoridades estão reunidas mais uma vez, sob o manto da ONU, para discutir as mudanças climáticas que estão pondo em risco o futuro do planeta. A coisa é séria e nossas crianças têm que ser informadas sobre o problema e educadas para respeitarem o meio ambiente. Uma boa ajuda neste esforço é o livro O que está acontecendo com a nossa terra?, da jornalista Kristina Michahelles, editado pelo IBGE, e ilustrado com a criatividade de sempre da Mariana Massarani. Com a ajuda de um pingüim que veio parar, em 2000, na Praia de Copacabana, Kristina explica para o pequeno leitor o que é o efeito estufa e como o homem pode enfrentar o problema. Além disso, a autora propõe uma série de experiências e passatempos para que os pequenos possam aprender brincando que é necessário preservar a natureza para salvar o planeta. Vale a pena procurar o livro, que está em falta na livraria do IBGE.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Um belo momento para mãe e filho

Mamãe, você me ama?, de Barbara M. Joosse, da Brinque-Book, é um livro para a hora de dormir, com mãe e filho bem juntinhos. É um bom momento para reafirmar este amor enorme que une as mães a seus filhos, mesmo que eles nos levem à loucura em suas tentativas de testar limites e a nossa paciência. Barbara, com a ajuda das ilustrações de sua xará Barbara Lavallee, de inspiração esquimó, encontra uma maneira terna de dizer a nossos pequenos que eles podem nos irritar, nos deixar com medo, tristes e preocupadas, mas que, mesmo assim, nós sempre os amaremos. Esta leitura, com certeza, ajuda nossos filhos a lidar com o medo que toda criança tem de decepcionar a mãe.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Viva a casa dos beijinhos!

Tem tempo que não falo de livros para bebês. Pois bem, A casa dos beijinhos, de Cláudia Bielinsky, editada pela Companhia das Letrinhas, é uma boa pedida. O livro tem ilustrações super atraentes e interativas, convidando a criança a abrir as abas onde estão escondidos os textos. A história é singela como pedem os bebês. Neném é um cachorrinho que vai andando por todos os cômodos da casa, recusando beijinhos de vários bichos até encontrar seu irmãozinho e, por fim, os pais para os esperados e merecidos beijos. Como o livro é enorme (28cmX37cm) e impresso em papel cartão, suspeito que meu filho se sinta no teatro, quando o manuseia. É história para ser contada em voz alta, com o livro aberto no chão para permitir que o bebê brinque com ele. É livro também para irmãos brincarem juntos e para acabar em sessão de beijocas. Aqui em casa fazemos muitas guerras de beijos. O vencido é imobilizado e atacado por todos os outros com muitos beijos. Vale beijo de mãe, de pai, de marido, de mulher, de irmão ou de filho. Pois é, viva a casa dos beijinhos!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Três respostas para uma vida feliz


Assim que meu filho mais velho nasceu, decidi que ele ganharia um livro, além do brinquedo desejado, em todos os natais e aniversários. Era uma forma de fazê-lo entender que livro também é presente. Até aí, tudo bem. O problema começou quando fui eu, em seu primeiro Natal, escolher o livro para presenteá-lo. Entrei naquela livraria bacana em frente ao Cinema São Luiz e comecei a procurar. Foi que encontrei um lindo livro, com ilustrações e textos de Jon J Muth, baseado em uma história de Leon Tolstoi. Pensei com os meus botões: é esse! Foi então que comprei As três perguntas, da Editora Martins Fontes. Não preciso continuar a contar a história para dizer que errei. Errei feio. O livro é realmente lindo, belissimamente escrito e ilustrado, mas não é indicado para um bebê como era meu filho. É legal para um menino, como ele é hoje, que começa a encarar o desafio de pensar sobre o que é essencial à vida, como propõe a fábula de Tolstoi adaptada para crianças. As respostas às três perguntas tocam a todos: adultos e crianças.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Amar também os diferentes

É longo o debate sobre inclusão e convivência com diferentes em uma sociedade marcada pela lógica da exclusão e da intolerância com os desiguais. Educar nossos filhos para a tolerância deve ser nossa contribuição para o futuro. Por isso, nunca é demais apresentar à garotada livros com este compromisso. O problema é encontrar títulos que tenham compromisso também com a qualidade literária. José Roberto Torero conseguiu com o seu talento garantir as duas qualidades em O pequeno rei e o parque real, da Editora Objetiva. O protagonista, um reizinho lindo e loiro, com sua intolerância não quer admitir em seu parquinho nenhuma criança diferente dele. Ao perceber que ficara sozinho o reizinho tem duas opções: fechar o parque e brincar com sua imagem no espelho ou abrir os portões para todas as crianças brincarem e se divertir a valer. O final quem escolhe são os pequenos leitores que se encantam com o texto todo rimado de Torero e o colorido das ilustrações de Vinícius Vogel. O livro foi um belo presente que minha amiga Daniela Schubnel deu a meu filho mais velho, quando meu caçula nasceu. Valeu, Schuschu!

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Seres mitológicos são sucesso garantido

Livros sobre seres mitólógicos e fantásticos são uma unanimidade. As crianças adoram ler sobre bruxas, fantasmas, lobos, unicórnios, centauros, mulas-sem-cabeça e outros seres que, ao mesmo tempo, as aterrorizam e as encantam. Por isso, é farta a literatura sobre estes seres. É preciso sentar no chão da livraria e escolher uns bem legais para apresentar para a garotada. Eu recomendo três: Bruxa, Bruxa, venha a minha festa, da Editora Brinque Book, Bichos que existem e que não existem, da Cosac Naify, e O grande livro dos seres fantásticos, da Editora Leitura. Eu sugiro que se apresente um de cada vez. O primeiro é um livro de belíssimas ilustrações, com pouco texto que recorre ao artifício da repetição muito comum nos livros para pequenos e apresenta personagens conhecidos desta faixa etária. O segundo, já pode ser apresentado a uma criança um pouco maior que possa se divertir brincando de advinhar se o bicho em questão existe ou não. O terceiro é legal para uma criança em fase de alfabetização que possa, ela mesmo, folhear o livro povoado de gnomos, quimeras, fadas, fenix e outros seres mitologicos. Vale a pena apostar na imaginação.

Uma prosa bem brasileira

A Onça e a Cabaça, de Daniela Chindler, é para ser contada em voz alta, no melhor clima de poesia de cordel. A narrativa de Daniela é bem brasileira, cheia de trava-línguas e onomatopeias que divertem a quem lê e a quem ouve sua história. O primeiro livro dela que me chegou às mãos foi A onça e a cabaça, da Editora Paulinas. A obra conta a história de um macaco abusado e imprudente que resolve bulir com uma onça. Tinha tudo para dar errado, mas o resultado é uma delícia. Além da prosa divertida e rica de Daniela, o pequeno leitor pode se deliciar com o traço vibrante da Mariana Massarani, que garante ainda mais humor ao duelo entre o macaco e a onça. Meu filho adora ouvir e eu adoro ler esta história, que ganhou o prêmio Acervo Básico FNLIJ - Criança, em 1998. Um livro que, com certeza, não fica velho e vai sempre render boas, repetidas e muito divertidas leituras para quem entrar no barato da autora, que bebeu lá na fonte das histórias populares brasileiras para criar a sua A onça e a cabaça. 

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Grandes autores para pequenos leitores

A chuva que caiu ontem no Rio, alagando e engarrafando a cidade, me levou à Livraria Arlequim, no Paço Imperial, no Centro, para fazer hora. Não é que tive uma grata surpresa ao fuçar as estantes um tanto bagunçadas da casa? O belo livro Os encontros de um caracol aventureiro e outros poemas, de Federico García Lorca, da Editora Ática, editado especialmente para crianças. Os poemas foram selecionados e traduzidos pelo nosso poeta e ensaísta José Paulo Paes e ilustrados pelo premiado Odilon Moraes. No poema que dá nome ao livro, Lorca usa um diálogo entre rãs, formigas e um caracol para abordar temas sempre atuais, como a eternidade, a tolerância e o poder. A leitura é gostosa e, por meio dela, podemos apresentar o grande autor espanhol para nossos pequenos leitores. E, como a edição é bilíngüe, quem quiser pode ler os poemas no original.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Brincar no Museu do Índio

Visitar o Museu do Índio, na Rua das Palmeiras, em Botafogo, é sempre um bom programa. Mas agora, em novembro, ele pode ficar ainda mais divertido com o Jogo da Onça, uma brincadeira comum em Mato Grosso, em que os cachorros têm que encurralar a onça. O museu preparou um tabuleiro no chão para a criançada e os adultos brincarem de onça e cachorro. Quem quiser mais informações pode entrar no site do museu pelo endereço http://www.museudoindio.org.br/template_01/default.asp?ID_S=5&ID_M=516.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Misturando histórias

Bela surpresa tive com este livro de pop-up. Mistura de Monstros, da Ciranda Cultural, foge à obviedade do gênero e nos propõe uma divertida brincadeira: a de misturar as páginas do livro - cortadas ao meio - e assim ganhar novas possibilidades de ilustrações e de histórias. Os montros ganham os olhos de um e a boca do outro e assim novas criaturas vão surgindo, até a criança cansar de misturar as páginas. O legal é que os textos são escritos de maneira a fazer sentido se lidos fora da ordem inicial.

sábado, 8 de novembro de 2008

Contos para adultos incorformados

Confesso que nunca ouvira falar em Jacques Prévert até depararme com o instigante título Contos para crianças impossíveis, uma tradução da Cosac Naify. Mãe de uma criança impossível e apaixonada por histórias, resolvi comprar o livro ilustrado pelo brasileiro Fernando Vilela. Ao ler a apresentação do filósofo José Arthur Giannotti percebi de imediato que o livro não era exatamente para uma criança, mas para adolescentes e adultos incorformados. Isso mesmo. Jacques Prévert faz um manifesto contra o antropocentrismo que fez o homem destruir e dominar a natureza. Seu discurso é a favor da natureza, mas não foi escrito na recente onda do crescimento sustentável. Ele é um dos expoentes da literatura francesa do pós-guerra - sua primeira obra Paroles foi publicada em 1945 - e fala o francês do povo. Sua verve é libertária e questiona o modelo que nos fez senhores do mundo. Seu manifesto me encantou. Com certeza vou procurar para ler suas outras obras publicadas no Brasil: Dia de folga, da Cosac Naify, Carta das Ilhas Andarilhas, da 24 Letras, e Poemas, da Nova Fronteira.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Educando gente bacana

Vale a pena acompanhar o blog da psicóloga Rosely Sayão. O diálogo com ela é bem legal para nos ajudar na difícil tarefa de educar nossos filhos. Ela fala sobre educação com uma ótica humanista, que foge da visão atual de que temos que criar profissionais para o mercado e aposta na complexidade dos seres humanos com seus defeitos e qualidades. Para ler basta acessar http://blogdaroselysayao.blog.uol.com.br/

domingo, 2 de novembro de 2008

Livros moderninhos causam polêmica

Duas editoras suecas estão criando polêmica com a edição de livros infantis em que meninos e meninas vivem papéis trocados e têm famílias nada tradicionais. Leia mais em http://criancas.uol.com.br/novidades/bbc/ult4551u108.jhtm

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A grande questão

Quem nunca se perguntou de onde veio, para onde vai e porque está aqui? A resposta não é fácil e com certeza não é única. Mas a gente pode encontrar uma ajuda para aplacar esta angústia, que nasce conosco, no maravilhoso livro do alemão Wolf Erlbruch. Nossas crianças não precisam saber alemão para brincar de filosofar sobre A Grande Questão. O livro foi editado com capricho, em português, pela Editora Cosac & Naify. A leitura compartilhada da obra, que ganhou o prêmio de melhor livro na Feira de Bolonha, em 2004, é uma divertida brincadeira entre adulto e criança, com cada um falando sobre o porque está aqui. Eu acho que estou aqui para amar os meus. E você?

Pedro, cavaleiro de Atena

Pedro, meu filho mais velho, de seis anos, é um arteiro, como bem definiu sua professora ano passado. Ele adora uma bagunça e uma boa história, que pode vir pelos filmes ou pelos livros. Sua mais nova paixão é a série Os Cavaleiros do Zodíaco, de Masami Kurumada. Ele gosta tanto que passa o dia todo consultando as histórias e os personagens na Enciclopédia dos Cavaleiros do Zodíaco, da Conrad Editora. O livro é bem legal, traz todos os detalhes dos mangás, que tratam de uma luta entre Atena, filha de Zeus, e Hades, o guardião do mundo dos mortos. Em defesa dela, entram cavaleiros inspirados em mitologias. A história revelou ao meu filho um mundo de tragédias, heróis e aventuras que ele adorou. Por meio dela, já lemos Divinas Aventuras, de Heloisa Prieto, ilustrado por Maria Eugênia, da Companhia das Letrinhas, e estamos começando a ler a série Mitos Gregos, da editora Scipione. Mas o preferido dele continua a ser Os Caveleiros do Zodíaco. Pedro, inclusive, levou o livro hoje para a escola. Tomara que o cabeça-de-vento o traga de volta.

Pedro Pingüim, um pequeno grande livro

O Antônio, meu caçula, é um fofo. Ele tem apenas um ano e meio é já é um apaixonado por livros. Nesta foto, tinha um ano e três meses e estava se divertindo com o livro Pedro Pingüim, da Difusão Cultural do Livro. Ele tem toda razão, o Pedro Pingüim é uma pequena grande obra. Fala de um pingüinzinho que não se conforma em ser preto e branco e quer ser colorido, como o macaco, a boboleta, a baleia e outros bichos. Até que entende que o legal é ser como somos. Em seu caso preto e branco, como a zebra, o panda e o texugo. Apaziguado com si próprio, Pedro finalmente fica feliz em seu bando. Além de uma mensagem bacana, o livro dá ao bebê a possibilidade de explorar cores e texturas diferentes.

Um bom programa: Costurando Histórias


Para quem não conhece o grupo Costurando Histórias, vale a pena ir neste fim de semana (1º e 2/11), de 13h às 18h, ao Centro Cultural da Justiça Federal, no Centro. O grupo, dirigido pela atriz Daniela Fossaluza, conta histórias em tapetes de tecido que funcionam como grandes livros interativos. A ténica foi desenvolvida há mais de 20 anos pela educadora francesa Clotilde Hamman, em parceria com seu filho, o diretor de teatro Tarak Hamman, para ser uma forma lúdica de incentivo à leitura. A atividade é gratuita e as senhas serão distribuídas 30min antes. O Centro Cultural da Justiça Federal fica na Avenida Rio Branco, 241, no Centro, o telefone é 3261-2550 e o site, http://www.ccjf.trf2.gov.br/.

O livro que você queria

Escolhi a dica de um site de procura de livros infantis – Livros para uma cuca bacana - para ser a primeira postagem deste blog por ser sempre difícil a escolha de um bom livro, que seja adequado a faixa etária do nosso leitor mirim. Basta acessar http://editora.globo.com/especiais/crescer_cuca_bacana/default.asp para procurar o livro que você quer, considerando a idade do pequeno leitor. E fica registrada aqui a pergunta para as editoras: por que não classificar por idade os livros infantis?