quinta-feira, 26 de maio de 2011

O sim de João Cabral de Melo Neto

"Só vive quem se debate". Por traz da força desse verso está um dos maiores poetas da língua portuguesa. A poesia de João Cabral de Melo Neto, mesmo após a morte do poeta há 12 anos, ainda é capaz de surpreender a quem, como eu, a admira. Ilustrações para fotografias de Dandara, obra de onde tirei este verso, foi guardada até agora como relíquia de família e chegou às livrarias este mês, como um presente para quem ama poesia. Editado pela Objetiva, o livro é uma preciosidade. Idealizado por João Cabral para uma neta querida e distante, ele ganhou ainda mais beleza com o projeto gráfico elegante de Mariana Newlands. Os versos de Cabral vêm de longe, do Senegal, de onde o poeta diplomata servia naqueles dias de 1975. Dandara, uma garotinha de dois anos, filha de sua Inez " nascida para dizer não", fez a mãe, segundo o poeta, reencontrar "um sim a que condicionou a vida".  Esse sim perpassa todos os versos que ilustram as fotografias de Dandara. A cada verso do livro a gente reencontra um poeta inspirado, se é que podemos usar este adjetivo com Cabral, dono de uma escrita poética que não faz pouco da vida. Cabral engrandece os sentimentos, as paixões e as possibilidades do ser humano com a beleza de seus versos. Talvez o que mais me encante nele - sem dúvida meu poeta preferido - é que ele nos faz lembrar que "o mundo não é uma folha/ de papel, receptiva:/ o mundo tem alma autônoma,/ é de alma inquieta e explosiva.", como ele mesmo define no poema Auto do Frade. Este novo encontro com o poeta me emocionou. Não esperava isso. Não sabia da existência do livro, não sabia de seu lançamento, quando dei de cara com ele em uma seção infantil de uma bela livraria, na porta de um cinema do Rio. Eu fazia hora, esperando meus filhos, quando comecei a ler os versos de Cabral para Dandara. Fiquei emocionada. Cheguei a chorar. Não sei bem dizer a razão de tanta emoção. Talvez tentar explicá-la aqui seja uma forma de perdê-la. Mas posso dizer que fiquei emocionada por reencontrar Cabral - que foi tão importante na minha formação - na carinha alegre/triste de Dandara. Emocionada por lembrar que Morte e vida severina foi um dos primeiros livros de poesia que minha mãe me deu e que Ilustrações para fotografias de Dandara, editada para um jovem leitor, será o primeiro livro de Cabral na estante dos meus filhos. Pela certeza de que ele tem muito a falar para os jovens de hoje, fecho este texto com mais uns versos do poeta para Dandara. " Tua mão tirando a pipoca/ do pacote que tua mãe te compra/ tem o mesmo gesto de quem/ dele tiraria uma bomba". Que nossos filhos possam viver com este ímpeto transformador presente na poesia de Cabral.

sábado, 7 de maio de 2011

A gente se encontra na Flist!

Maio é o mês da Festa Literária de Santa Teresa (Flist) que nós dá mais uma boa razão para ir ao bucólico bairro, de onde se têm, entre outras atrações, a melhor vista do Rio. A Flist está em sua terceira edição e é promovida pelo Ceat, um tradicional colégio de Santa Teresa. Este ano o homenageado da festa é Bartolomeu Campos de Queirós, o mineiro querido por todos que amam a boa literatura para crianças e jovens. A programação da Flist, nos dias 14 e 15, tem boas opções para todas as idades e transforma o bairro no destino de quem ama a literatura e a música. São dois dias de bate-papos com autores e ilustradores, inclusive Bartolomeu, lançamentos de livros, debate com especialistas em literatura, contações de histórias, shows de música e atrações para criança. Quem quiser saber um pouco mais pode dar uma passeada no blog Gato de Sofá Deita e Rola na Flist. Um programa para repetir todo o mês de maio. A gente se encontra em Santa Teresa.