domingo, 27 de dezembro de 2009
Quando as raposas vencem os fazendeiros
Em tempos de conformismo com o status quo O Fantástico Senhor Raposo, de Roald Dahl, é leitura mais do que divertida. É essencial para nossas crianças conhecerem uma história da época em que existia luta de classes e o inconformismo não era visto como infantilidade ou falta de educação, mas como uma transgressão necessária ao processo histórico. O embate do senhor Raposo com Boque, Bunco e Bino - três fazendeiros "incrivelmente maus e mesquinhos"- é rico em situações e soluções para a vida dos bichos que vivem entocados na terra. Toda a semelhança, neste caso, não é mera coincidência. Os bichos de Dahl são gente em sentimentos, fome e bravura. Bravura para enfrentar seus algozes e fugir da fome. Seu Raposo, um conhecido ladrão de galinhas, patos e gansos, defende seu crime com palavras simples para as crianças se solidarizarem com ele. "Meu velho e querido monte de pelos, por acaso você conhece alguém no mundo que não roubaria umas galinhas se seus filhos estivessem morrendo de fome?", pergunta ele para seu amigo, seu Texugo, cheio de dúvidas éticas sobre os seus métodos. Ao que Pedro responde: "Claro que eu roubaria umas galinha se meus filhos estivessem morrendo de fome." Ele adorou a vitória dos bichos contra os mesquinhos - "o que é mesquinho, mamãe?"- fazendeiros. Gostou tanto que me pediu para relê-la assim que acabamos de ler o livro de 84 páginas, editado pela Martins Fontes, e ilustrado com a delicadeza do bico de pena por Quentin Blake. Dahl, é bom a gente lembrar, é o autor de A Fantástica Fábrica de Chocolates, outra obra em que a visão de mundo de esquerda é protagonista da história. Viva Dahl que nos dá oportunidade de conversarmos sobre justiça social com nossos filhos.
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2 comentários:
Ja viu o filme?
;o)
Oi, Lígia, só vi seu comentário agora. Vi o filme e não gostei. O incorformismo do personagem se perde e a história é muito mudada. Mas meus filhos gostaram. bjs
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