segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Números, fantasia, afeto e talentos

Ler para dois filhos é um desastre. Pelo menos aqui em casa, com os universos do Pedro e do Antônio separados por cinco anos e dois meses. A confusão já começa na hora de escolher o livro. É lógico que o Antônio, com três anos e 10 meses, não consegue acompanhar as histórias do Pedro. Mas é tão certo, quanto ilógico que o Antônio não aceite que o irmão, de 9 anos, abrindo mão de seu desejo de escolher uma história, decida entre seus livros qual irei ler. Ele abre a boca, chora de escorrer lágrimas e bate o pé teimando ser seu direito escolher. Tento explicar ser justo que o Pedro, que vai ouvir uma história de pequenos, decida qual delas irei ler. Mas nada... Outro dia esta confusão durou alguns minutos até que o Pedro tentasse conquistar o irmão com a leitura de um dos livros que mais curtia nesta idade. Na verdade não é uma história. É uma brincadeira com os números e as mais básicas noções de matemática, como quantidade, tamanho, forma e semelhança. Os números, da coleção Os grandes livros da pequena ratinha, editado pela Editora Agir, proporcionaram ao Pedro vários momentos de prazer, com ele sendo desafiado a contar, a agrupar, a escolher entre grandes e pequenos, etc... Este sempre foi um interesse do Pedro, que é um excelente aluno de matemática e cumpre estes exercícios como quem completa um livrinho de passatempo. A matemática realmente o encanta. Sua felicidade entre as gravuras e instalações da exposição O mundo mágico de Escher, no CCBB, é um exemplo. Ele foi a primeira vez na sexta-feira, levado pelo pai de um amigo, e voltou ontem, dois dias depois, comigo, o pai e o irmão. Seu entusiasmo era flagrante. Ele corria pela exposição para mostrar ao Antônio o que mais o impressionara. Confesso que este interesse pela matemática, assim que foi ficando claro ainda no primeiro ano, me espantou. Eu, que fui uma aluna mediocre em todas as disciplinas de exatas, nunca acreditei poder ter um filho com estes pendores. Obra do pai, que é engenheiro e sempre explicou ao Pedro os mistérios da natureza. Por mais estranho que este mundo seja para mim, confesso sentir orgulho dos talentos do meu filho. Já o Antônio encanta-se mais pela fantasia e recusa, quase que sempre, os livros que não são de história. Ele não quer saber de bichos, nem de curiosidades, quer histórias. E não pode ser qualquer uma. Ele as escolhe. Mas, nesta noite, aninhado ao irmão, que tanto ama,  curtiu a brincadeira dos coelhinhos (isso mesmo, a ratinha quase não aparece na história) com os números. Na segunda página do livro, já não chorava mais e se divertia contando e dando aos coelhinhos os nomes de nossa família ou de seus amigos para dar alma de personagens aquelas figuras fofas e anônimas. Eu dormi feliz ao ver meus filhos viverem com amor suas diferenças.

3 comentários:

Gabriela de Amorim disse...

Olá!
Estou passando para parabenizar pelo seu trabalho!
Tem presentinho lá no meu Blog: http://encantamentosdaliteratura.blogspot.com/2011/01/selo-de-qualidade.html

Receba com todo carinho!
Gabriela

Gabriela de Amorim disse...

Olá!
Estou passando mais uma vez para parabenizar pelo seu trabalho!
Tem novos selinhos de presentinhos lá no meu Blog: http://encantamentosdaliteratura.blogspot.com/2011/02/selinhos-duplos-de-qualidade.html

Até a próxima!
Gabriela

Luciana Conti disse...

Oi, Gabriela, super obrigada. Adorei o carinho. Já passei por lá e vi. Valeu!