quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Todos os dias ele lê tudo sempre igual

É isso aí que você está vendo, mesmo! Vou falar mais uma vez de Pé de Cabra, Asa de Sapo, de Rafael Soares de Oliveira. A razão é simples: há  mais de um mês, sem exageros, leio todos os dias o livro para o Antônio. A escolha, apesar da qualidade do livro, não é minha. É dele. Não há dia em que o Antônio não peça para ler as quadrinhas sobre seres mitológicos e para apreciar as ilustrações. A repetição é tanta que ele já sabe de cor as 38 quadrinhas. A sua preferida é sobre o Dobarchu, um ser da mitologia irlandesa, meio lontra e meio cachorro, que o encantou não apenas pelos versos de sua quadrinha, mas por ser conterrâneo do David, um amigão do Pedro que mora em Dublin. O fato de ele, todas as noites e algumas vezes durante o dia, declamar as quadrinhas do livro, no entanto, não estraga a graça da leitura. Muito pelo contrário! Graças à sua memória de criança, está podendo brincar de ler sozinho. Brincar, isso mesmo, já que ainda não sabe ler! A graça tem sido, todos os dias, antes da minha leitura que ganhou ares dramáticos com a colaboração teatral do Pedro, o Antônio pegar o livro e "ler" sozinho em voz alta. Uma graça! Depois, me pede para ler. Mas sua ansiedade é tamanha, que, se adianta, e "lê" sozinho algumas das quadrinhas. Mesmo sabendo que tudo não passa de uma gostosa brincadeira de faz de conta, fico orgulhosa do meu menino "lendo" sua história favorita. Por essas e por outras, que ficam por conta do talento do escritor e do ilustrador Jean Galvão, só tenho a agradecer a existência de Pé de Cabra, Asa de Sapo. Lamento apenas as falhas da distribuição do livro, que fazem com que o interessado em tê-lo ou comprá-lo para presentear um amigo, como o Antônio já sugeriu, tenha que esperar 10 dias para recebê-lo em compras pelos sites das principais livrarias do Rio. Alô, Ática! Faz isso com a gente, não! Enche as livrarias de Pé de cobra, asa de sapo para divertirmos nossas crianças, com os seres de Rafael e Galvão.

Um comentário:

Luciana Conti disse...

Posto abaixo o comentário deixado em meu facebook pela Izabela Guedes, amiga psi que volta e meia passa por aqui e deixa contribuições bem legais.
"Vou te contar uma história. Há muitos anos, tive a honra de atender uma criança autista. Foi um dos meus primeiros clientes e eu cortava um dobrado, era bem difícil... Após um início mais agressivo, ele passou um ano inteiro indo ao consultório e ficando completamente mudo. Toda semana era a mesma coisa: ele chegava, me colocava sentada no sofá de frente pra ele, ia pra janela e ficava lá a sessão toda conversando sozinho, eu não podia falar nada e nem sair do lugar. Eu morria de angústia, me questionava se eu não deveria "estar fazendo" alguma outra coisa, afinal que contas eu iria prestar pro pai... Sei que depois de um ano "pacientemente" esperando, ele começou a falar!!!! E eu aprendi que talvez eu não precisasse de um ano inteiro, mas ele com certeza sim... Sacou?! Bjs, viva "Pé de cabra, asa de sapo"!!!!