quarta-feira, 8 de maio de 2013

Uma aventura em versos de cordel

O cordel sempre me encantou com seu ritmo, suas rimas e o caráter maravilhoso de seus relatos. São histórias que nos pegam pelo pé e nos fazem ficar quietinhos ouvindo e ouvindo, até chegar seu final. Um gênero que tem tudo a ver com crianças, como se fosse o similar nacional dos contos de fadas europeus, e que, aos poucos, está invadindo as estantes das seções infantis de nossas livrarias. O recém-chegado No Reino do Vai não Vem, uma viagem ao reino do cordel, de Fábio Sombra, editado pela Scipione, é um belo exemplo da riqueza do cordel e do encantamento que ele pode causar em crianças e em adultos. Fábio Sombra é ele mesmo o herói da história, que tem como desafio recuperar sua rabeca Veridiana, levada por Pedro Malazartes para o Reino do Vai não Vem, onde moram os personagens da literatura de cordel. Lá, Fábio Sombra tem que cumprir sete provas para recuperar sua Viridiana, que lhe dá inspiração para escrever. As aventuras do cordelista envolvem tanto o leitor que, quando a gente vê, já leu mais de 40 páginas e está no fim da história. O cordel encantou o Pedro, que ouviu com a maior atenção a leitura de cada uma das provação de Fábio Sombra em busca de sua amada Viridiana. Ouviu e viu as belíssimas ilustrações de Flavio Morais, que, sem trair o traço comum das xilogravuras dos folhetos de cordel, dá vida em cores a cada um dos personagens ou dos cenários descritos na história. Seu interesse era tanto, que me implorou para não interromper a leitura e ir até o fim naquela mesma noite. Assim fiz, deixando-o feliz para dormir. "Mãe, a história é muito legal", disse-me, coberto de razões e de seu edredom quentinho. Razões encontradas nas boas histórias populares. Muita ação, situações fantásticas e esperteza para vencer os desafios e os fortes. Para arrematar, uma linguagem poética que nos convida a brincar com a língua. E para melhorar, ao fim, Fábio Sombra nos dá um pequeno painel do mundo do cordel, com um glossário com os personagens citados na história. Uma pena que o Antônio ainda não está pronto para esta experiência. Mas o livro vai ficar guardadinho, esperando a sua vez para dar novamente vida aos personagens do cordel e à aventura de Fábio Sombra. Enquanto isso: "Fecha o pano o menestrel/ silencia o seu cantar./ O final foi fascinante/ mas preciso confessar:/ bem cansado de aventuras,/reis, princesas e criaturas./ afinal vou descansar..."

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