quarta-feira, 21 de julho de 2010

Com a morte entalada na garganta

Há tempos paquero o livro O pato, a morte e a tulipa, do alemão Wolf Erlbruch, editado pela Cosac Naify. Todas as vezes que me deparava com ele nas livrarias o pegava e lia com prazer e encantamento, causado pela beleza gráfica da história do pato que trava um profundo diálogo com a morte. Mas, apesar de achá-lo lindo, acabava sempre o deixando de lado. A razão era o desconforto que este tema causa a mim e ao Pedro. A morte sempre foi um assunto difícil na minha vida e percebo que também o é para meu filho mais velho. Todas as vezes que ela surge entre nós, vejo sofrimento nos olhinhos dele. Outro dia, ele veio me mostrar que gravara uma mensagem no celular. Eu a ouvi com um trago na garganta. Pedro dizia que amava a mim, ao pai e ao irmão e que temia muito que algum de nós morresse. Foi a maneira meio torta que ele encontrou de me falar de um medo tão comum nas crianças. Ele precisou de um gravador entre nós para poder me contar de sua angústia. Como me lembrei de mim quando criança? A noite, quase todas, me ameaçava com a ideia da morte dos meus pais, minha própria e dos meus irmãos. A solidão de meu quarto aumentava ainda mais a minha apreensão com a possibilidade de não mais encontrar o dia. Mas eu sempre acordava e, de dia, esse assunto não me importava. Acho que é assim com o Pedro. A ideia da morte o assombra e depois vai embora o deixando novamente vez em paz. Por isso, me pergunto se vale a pena provocar esta emoção, mesmo com uma leitura tão rica de subjetividades e de saídas para uma boa conversa, como a do pato de Erlbrush. O meu racional diz que sim, mas meu coração de mãe se rende a velha ideia de que é melhor deixar as coisas como estão. Mas por vias das dúvidas, no domingo, ao ver o livro na prateleira de uma livraria resolvi trazê-lo para casa. Quem sabe?

5 comentários:

Lígia Pin disse...

Esse livro eh lindooooo!!!
;o)

mcris disse...

Oi, Luciana!

Talvez esse livro tão bonito possa ficar na estante, disponível para quando o Pedro (ou mesmo o Antônio) quiser dar uma olhada...

Abraço.

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Célia Pereira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luciana Conti disse...

Já está lá, junto com outros, para um dia. Afinal, livro é assim, né? Uma questão de momento. bjs

MARCIA GOMES CASTRILLO disse...

estava pelo google procurando como resolver o drama do meu sofá já que tenho 2 gatos em casa, quando vim parar no seu blog. Eis que encontro algo que não procurava, mas que me deixou com um sorriso grande no rosto! Adorei seu blog e já estou salvando nos meus favoritos!