segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Umas lavadeiras pra lá de fuzarqueiras

As lavadeiras fuzarqueiras, de John Yeoman, ilustrado por Quentin Blake, é um daqueles livros que merecem uma especial atenção. A história das sete lavadeiras que trabalhavam para o senhor Baltazar Durão é tão bacana que até me perguntei se não era um daqueles contos populares, que, com imaginação e humor, registram nossa história e nos permitem refletir sobre os conflitos do ser humano. Mas acho que não. Pelo menos não há qualquer referência, na edição da Companhia das Letrinhas, de que a história seja colhida da tradição oral. Não importa. O que a torna tão especial é a forma leve, engraçada e claríssima com que os dois ingleses, autor e ilustrador, contam para crianças a história de um grupo de lavadeiras que, depois de anos de exploração, resolve se rebelar contra seu patrão e seguir rumo à liberdade. Liberdade para fazer uma fuzarca ou para escolher seus pares. Os desenhos a bico de pena e aquarela de Quentin Blake ajudam a dar o tom de registro à narrativa ao desenvolver com humor e movimento as aventuras das fuzarqueiras, com destaque para a figura franzina e emproada do senhor Durão. Sua figura não deixa dúvidas de que ele, além de sovina, é um explorador. A narrativa de John Yeoman, dessa forma, é construída em parceria com a ilustração de Quentin Blake - um dos mais importantes ilustradores da atualidade - e não nos deixa outra alternativa a não ser esconjurar o senhor Durão e torcer pelas lavadeiras, que, livres das pilhas de roupas, podem seguir "felizes, lenhando e aproveitando a vida a valer".  Eu e o Pedro adoramos o livro e aproveitamos para falar um pouco sobre o velho e feio hábito que os homens têm de explorar seus semelhantes. Mesmo que essa exploração tenha deixado de lado o fraque e a cartola do senhor Durão e se travestido com as roupas sutis e sofisticadas da modernidade. As lavadeiras não nos deixam esquecer que, com certeza, a história não acabou.

Um comentário:

Ana Paula disse...

Fiquei com muita de ler depois do teu relato. Com certeza vou procurar essas fuzarqueiras. O nome já soa uma boa diversão!
Beijo

ladodeforadocoracao.blogspot.com