
segunda-feira, 29 de junho de 2015
Hora da Leitura estreia na Band News FM do Rio

sexta-feira, 12 de junho de 2015
Quando não sobra tempo para o dever de casa
Confesso que, quando criança, algumas vezes deixei de fazer os deveres de casa. Não lembro quantas vezes, mas acredito que o número tenha sido o resultado da conta entre a vergonha de chegar na escola sem eles e a preguiça de fazê-los. Mas uma coisa tenho certeza: todas as vezes que falhei em minhas obrigações de aluna, inventei uma história para não ficar tão mal assim com a professora. A mais comum era a que tinha esquecido meus deveres em casa, mas, em caso de precisar mudar a desculpa, qualquer coisa valia, assim como para o menino protagonista de No he hecho los deberes porque, de Davide Cali, editada pela espanhola Pepa Montano. Ele é inquerido pela professora porque não fez os deveres e sai desfiando uma série de desculpas esfarrapadas e mirabolantes para justificar sua falta. Desculpas absurdas como, eu "tive que ajudar o meu tio a construir uma super máquina para fazer-os-deveres-por-mim. Mas, quando ao fim acabamos, ela não funcionava". A professora ouve com a maior paciência para o deleite do pequeno leitor, que pode acompanhar, em cada uma das desculpas, uma expressiva ilustração de Benjamin Chaud, mas, ao fim, diz que não acredita no pequeno. Ele, espantado, pergunta a razão dele não acreditar nele. "Porque eu li o mesmo livro", diz a professora, mostrando o livro que estamos lendo. Confesso que torci para que o menino pudesse usufruir do benefício da dúvida sobre se sua desculpa havia colado, o que me animou em todas as vezes que precisei inventar uma lorota para a professora. Meu castigo foi ter que, anos depois, conviver com meus filhos fazendo das suas para não cumprir com os deveres de casa. Sou dura na cobrança, como a professora do menino, mas confesso que não consigo esquecer que toda, ou quase toda criança, quer mesmo é arrumar um jeito de não fazer o dever de casa. Assim, ao mesmo tempo que os puno, lá no fundo do meu coração, perdoo meus meninos, quando não lhes sobra tempo para fazer o dever de casa.
quarta-feira, 3 de junho de 2015
Enquanto Rui não cresce e toma juízo

Em uma coisa as crianças têm razão: mãe é uma figura chata. Está sempre reclamando, mandando o filho fazer o que não quer, chamando a atenção, enfim, educando. Mas eles, com a experiência que têm, é claro, não são capazes de perceber que toda aquela chatice, no fundo, no fundo, é para o bem deles. Então, vamos combinar que o que sobra é a chatice. E é isso que a mãe de Rui, protagonista de Enquanto isso, de Jules Feiffer, editado pela Companhia das Letrinhas, é: uma mala. A mãe interrompe, com seus gritos, os momentos de prazer do menino, irritando-o, até que um dia, tem uma brilhante ideia: imitar as histórias em quadrinhos e dar um corte temporal na narrativa para livrar-se dela. Enquanto a mãe grita, ele transporta-se para aventuras radicais e, para salvar-se desses novos perigos, usa novamente o recurso do "enquanto isso" aprendido nas tirinhas. Feiffer joga esse jogo como um craque - ele é um reconhecido quadrinista americano - e nos dá, assim, a oportunidade de curtir muitas maluquices, enquanto Rui não cresce e toma juízo. As aventuras narradas por Feiffer bem que poderiam ter saído da cabeça de um dos meus filhos, que ouviram atentos à história, para as redações da escola. Os personagens que cruzam com Rui são os tops do imaginário infantil: piratas, tubarões e outras feras que fazem Rui correr de uma história para outra, até aterrizar novamente em seu quarto para enfrentar a maior delas: sua mãe. Um livro bacana que nos faz lembrar que as melhores histórias para crianças são aquelas escritas por quem não se esqueceu de como era ser criança. Assim, Feiffer cria um Rui cheio de moral, mesmo que, do ponto de vista das mães, ele não tenha qualquer razão.
terça-feira, 2 de junho de 2015
A poesia e os desafios impostos pela língua

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