domingo, 1 de janeiro de 2012

Um mistério pra vida inteira

2012 chegou! Tim-tim para nossos sonhos e esperanças que se renovam com mais um ano novo e com os encontros e reencontros da vida - nestes dias tão comuns e desejados. É isso que nos faz olhar para trás e nos prepararmos para seguirmos em frente. Sempre em frente, sem romper com o passado jamais. Passado rico em subjetividades, em história e em afetos. Afetos que nos lembram, logo no primeiro dia de um ano novo, antigas personas. Eu, aos 20 e poucos anos, fui um coelho. Não um coelho qualquer, tão pouco um coelho de Páscoa. Fui o Coelho, da Sociologia da PUC, o Coelho amigo do Urso, da Lontra e do Peroba. Peroba, de mané, Peroba, de gente boa. Coelho que ao longo dos anos foi se disfarçando, até um dia em que ficou impossível perceber sua natureza e, assim, reconhecê-lo. Mas hoje, primeiro de janeiro de 2012, acordei e fui procurar por minha natureza de coelho. A primeira coisa que lembrei foi de ter visto ontem, em uma novela, um pai lendo para a filha O mistério do coelho pensante, de Clarice Lispector, editado pela Rocco. Belo livro, em que Clarice fala para seu filho Paulo sobre os seres, suas naturezas e os limites da realidade e as possibilidades da imaginação. Imaginação que faz a história do coelho pensante ser muito "mais extensa que o seu aparente número de páginas". História que "na verdade só acaba quando a criança descobre outros mistérios". Mistérios que vão afastá-la da infância, mas que, se observados, vão criar novas possibilidades para a realidade que, sem eles, parece tão sem graça. Essas possibilidades, ensina Clarice, ficam a cargo de cada um. Fazem parte dessa história tecida ano a ano, com os encontros e reencontros que preenchem as lacunas deixadas pela autora em O mistério do coelho pensante, texto enriquecido pelo ludismo do traço de Mariana Massarani. O coelho de Clarice é mais um sinal de que vale a pena viver. Por isso, repito: viva 2012! O ano do dragão, aquele que discretamente ultrapassou o coelho e nos promete grandeza na vida. Os outros mistérios, ficam a nosso encargo. Do jeito que quisermos e pudermos!

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