terça-feira, 14 de abril de 2009

O ritmo da fala do matuto

Eu gosto muito desta história. O bem com o bem se paga, recontado por Edgard Romanelli e editado pela Moderna, tem o ritmo do falar do matuto, de um brasileiro da roça. Um falar que a gente não vê mais por aqui, mas que ecoa até hoje na memória da minha infância vivida parcialmente em Tebas. A roça da minha história tem uma praça e duas ruas principais - uma para cima e outra para baixo - uma igreja, um campo de futebol, uma cadeia, um grupo escolar e uma biblioteca. Biblioteca fundada pelo tio Knnaip, um farmacéutico perdido no interior de Minas Gerais que se achou nos livros e na vontade de partilhar-los com o povo de lá. Uma bibioteca que me ensinou o prazer de ler e de jogar conversa fora sentada na calçada, protegida pela sombra e o aroma de uma árvore de jasmim. O Pedro, que nem sonha com a minha história, também ama a aventura do matuto que salva a onça e por pouco não acaba servindo-lhe de almoço. Até o Antônio encantou-se com a expressividade da onça, traçada por Alberto Nadeo, e prestou a pouca atenção que tem na última leitura que fiz do livro para o Pedro. Foi a primeira vez que li para os dois antes de dormir. Foi um prazer enorme, mas é claro que nenhum dos dois pregou o olho.

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